DAMARIS VERDERAME COORDENADORA DO CME, DIZ QUE PARA MONTAR A PRÓPRIA EMPRESA É PRECISO TER “ATITUDE EMPREENDEDORA”
Há pouco mais de vinte anos, Damaris Verderame embarcou em uma jornada que mudaria a sua vida e a tornaria uma empresária. Em 1999, após ingressar em uma seguradora e trabalhar em outras mais posteriormente, se descobriu na área de benefícios por acreditar que todas as pessoas precisam de um seguro de vida para poderem viver tranquilas.
A partir daí, resolveu seguir o seu próprio caminho e montou, ao lado de seu marido, em 2006, a Noiva da Colina Corretora de Seguros. Ela explica que “separar trabalho, casa e família foi um desafio para nós, mas sempre tivemos por objetivo de vida sermos referência na área de corretagem de seguros em nossa cidade, atuando com muita transparência e sempre visando à tranquilidade de nossos clientes, inclusive com a construção de uma sede própria para a empresa em 2017”.
Na atualidade, é coordenadora do Conselho da Mulher Empresária (CME), da Associação Comercial e Industrial de Piracicaba (ACIPI), onde busca fortalecer o empreendedorismo feminino e levar informação e conhecimento para o máximo possível de mulheres.
À Trinova, Damaris falou sobre as maiores dificuldades encontradas por elas ao abrir suas empresas, sobre a sua atuação à frente da entidade que coordena e sobre a mudança nas gestões dos negócios por conta da pandemia.
TRINOVA — O que é o Conselho da Mulher Empresária (CME) e quais são as suas atribuições?
DAMARIS — O Conselho da Mulher Empresária (CME) foi criado em 2000, idealizado por um grupo de mulheres que vislumbrou a possibilidade de desenvolver atividades específicas para as empresárias de Piracicaba. Nossa missão é promover o fortalecimento da mulher empresária, incentivando a sua participação em atividades empresariais, além de proporcionar conteúdos de gestão e qualidade de vida, que visam o aperfeiçoamento contínuo da mulher empreendedora, pois a sua contribuição é altamente positiva nas relações empresariais, políticas, sociais e culturais da sociedade.
TRINOVA — Desde quando você está à frente da entidade e quais foram as maiores realizações alcançadas até agora?
DAMARIS — Comecei a participar dos encontros e do Conselho em 2006, sendo que assumi a coordenação em 2009. A maior das realizações é a oportunidade de estar junto a um grupo de mulheres que, voluntariamente, cooperam e contribuem com o seu tempo, com os seus conhecimentos, ideias e habilidades para fortalecer o Conselho e, consequentemente, a mulher empresária. O CME, nos últimos anos, além dos encontros presenciais, passou a realizar também a “Rodada de Negócios” e os “Fóruns Empresariais”, com a finalidade de sempre oferecer algo a mais em um formato diferente, incluindo, no ano passado, uma live com a empresária Luiza Trajano, do Magazine Luiza. Neste ano, nos ajustamos rapidamente e realizamos nossos encontros de forma on-line, para manter o nosso compromisso junto às mulheres empresárias. Ressalto a importância de todas as conselheiras, assim como todo o respaldo da equipe executiva e diretoria da Associação Comercial e Empresarial de Piracicaba (ACIPI).
TRINOVA — Como você descreveria o seu perfil de gestão, não só a frente da entidade, mas também como empresária? Nos dois casos, quais foram os seus maiores aprendizados até agora?
DAMARIS — Meu modelo de gestão é por resultado, otimizando recursos, aumento de produtividade e gerenciando o tempo. Tudo isso requer um envolvimento de todos e, com isso, um comprometimento maior da equipe. Na minha empresa e no CME, isto só é possível por termos o processo definido e alinhado. E o maior de todos os aprendizados é que sozinhos não conseguimos nada. Precisamos da cooperação e união de todos.
TRINOVA — Quais são as maiores dificuldades encontradas pelas mulheres a fim de que elas possam abrir as suas próprias empresas?
DAMARIS — A conciliação da vida pessoal e profissional e o preconceito de gênero, que, infelizmente, ainda existe. Mas, de forma geral, empreender é desafiador, principalmente no Brasil, com muitos altos e baixos. É preciso se preparar para essas condições, buscando o máximo de orientações possíveis antes da abertura de um negócio e ser persistente frente aos obstáculos que surgirão.
TRINOVA — Em sua opinião, o que é necessário que uma pessoa tenha para poder abrir o próprio negócio e alcançar o sucesso?
DAMARIS — Primeiro, é ter a real disposição em empreender, a “atitude empreendedora”, e gostar e conhecer de verdade do produto ou do serviço que será oferecido. É necessário também conhecer as fases do desenvolvimento de uma empresa, buscando informações técnicas do segmento em que se pretende empreender e de gestão empresarial (finanças, marketing, vendas, equipes). A elaboração de um plano de negócios nessa fase é fundamental para minimizar erros e ajustes após a abertura. Por fim, investir sempre em autoconhecimento e autodesenvolvimento, para ampliar a sua visão de vida e, consequentemente, a sua visão dos negócios, a fim de fazer com que a sua empresa cresça e se mantenha no mercado, pois é preciso lembrar que o empreendedor tem a nobre missão de gerar empregos, renda e de ser um agente transformador da sociedade.
TRINOVA — Quais os principais desafios que as mulheres encontram para administrar a vida pessoal e profissional estando à frente de um empreendimento que demanda participação ativa?
DAMARIS — A maioria das pessoas almeja o equilíbrio entre a vida pessoal e a profissional. No caso das mulheres, esse equilíbrio vai além, pois elas precisam trabalhar e cuidar da casa e da família ao mesmo tempo. Essa dupla (às vezes tripla, convenhamos) jornada é bastante difícil, mas o fato é que é possível, principalmente, por meio de uma gestão eficiente do tempo e da divisão justa das responsabilidades com os demais membros da família, através de uma agenda semanal que estabeleça todas as tarefas que precisam ser feitas e quais são as prioridades. Isto é essencial. Às vezes, queremos abraçar o mundo e fazer tudo, mas o caso é que, no mundo dos negócios, saber delegar tarefas é fundamental e precisamos entender que pedir para outra pessoa executar uma atividade é algo básico e que não significa que você não saiba fazê-la. Daí a necessidade de ter uma equipe treinada e afinada com a missão da empresa.
TRINOVA — O que mudou nas gestões dos negócios em virtude da pandemia e o quanto isso afetou ou ainda afetará a participação das mulheres no empreendedorismo?
DAMARIS — A pandemia foi um momento implacável para os negócios em 2020 e as mulheres estão entre as mais afetadas. Todos os negócios no Brasil foram atingidos pela crise causada pela pandemia do Novo Coronavírus. Apesar disso, a forma com que cada empresa lidou com a crise foi diferente. Analisando pequenos negócios fundados por homens e mulheres, uma pesquisa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), realizada entre os dias 27 e 31 de agosto do ano passado, mostra que as empreendedoras foram mais ágeis na hora de implementar inovações a seus negócios. Apesar das adversidades, elas foram as que mais tentaram encontrar maneiras de continuar seus negócios durante a pandemia e buscaram 32% mais do que os homens soluções digitais para vender. Segundo a Agência SEBRAE de Notícias, na mesma pesquisa, 39% das mulheres intensificaram o uso de plataformas on-line para comercializar produtos ou serviços.
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