O sonho não acabou: 50 anos sem os Beatles

por | 8 jun, 2020 | 0 Comentários

 

Era 10 de abril de 1970 quando grande parte dos jornais britânicos publicou em suas capas a notícia de que Paul McCartney estava deixando os Beatles. O universo da música pop ficou em luto. Nunca mais houve uma banda que tivesse em sua química o carisma, a potência, a criatividade e a irreverência de Paul, John Lennon, Ringo Starr e George Harrison. Há 50 anos, o sonho havia acabado. Era o fim da maior banda que o mundo já conheceu. 

Apesar das cinco décadas, os Beatles nunca foram esquecidos. Muito pelo contrário, continuam influenciando gerações e gerações de músicos, bandas e apreciadores desta mágica que liga ritmo, melodia e poesia. 

Se por um lado eles revolucionaram a forma de escrever canções, por outro, influenciaram no modo de se vestir, de pensar e até de cortar o cabelo. Os “fab four”, como também eram conhecidos, tiveram um papel fundamental na sociedade, levando ao público, com arte, uma mensagem de tempos de paz, amor e esperança. 

A fama dos Beatles

Os Beatles surgiram em 1962, mais precisamente no mês de agosto. A união de Lennon e McCartney, colegas de escola, com o baterista Ringo Starr e o guitarrista George Harrison, fundiram não só uma banda, mas uma profusão cultural que emanou até 1970 elementos da contracultura, da música popular, do rock e do estilo dos anos 1950, além da música clássica, psicodelia e até da música indiana. 

Em menos de uma década, foram 12 álbuns de estúdio lançados, 13 turnês pelo mundo, quatro filmes, 1,6 bilhões de singles e 600 milhões de álbuns vendidos em uma história que cabe em mais de mil páginas (aliás, The Beatles, A Biografia, de Bob Spitz, tem quase isso e é a mais completa a respeito da banda, vale a leitura).

Por que o sonho acabou?

Capa do jornal inglês Daily Mirror de 10 de abril de 1970 anunciando a saída de Paul McCartney da banda

Mas se o sucesso era tão grande, por que a banda acabou? Ora, não é fácil manter quatro garotos talentosos e extremamente famosos sob uma administração competente sem discussões e influências externas que podem gerar atritos. 

Todos esses elementos foram fundamentais para o fim dos Beatles. Segundo consta na biografia da banda, poucos anos após o início do grupo, os integrantes começaram a ter suas vidas artísticas individuais concorrendo com a agenda de shows e gravações e a desunião começou.

Se a mensagem geral da banda era de paz e amor, no estúdio o clima era outro. Para os Beatles, gravar um álbum era como unir quatro forças do universo em um mesmo estúdio, mas a luz dessas estrelas foi se apagando nos registros derradeiros. O conhecido “The White Album”, justamente por ter apenas uma capa branca, sem a tradicional foto do quarteto, já demonstrava a desarmonia dos músicos. 

Gravado em 1968, o The White Album foi recheado de brigas internas por decisões artísticas dentro do conceito musical. Elas aconteciam principalmente entre Lennon e McCartney, o que fez com que Ringo e George abandonassem as gravações. O mesmo aconteceu nos álbuns seguintes. 

Paul McCartney era tido, segundo muitos biógrafos, como o bandleader do grupo, mas com um perfil dominador, o que causava atritos internos. Mas não só isso.  O grupo também era unido pelo empresário Brian Epstein, morto por overdose em 1967. Desde então, a briga administrativa da banda também teve um peso para o rompimento. 

Há ainda o background na vida de John Lennon. O uso de drogas não estava mais sendo tolerado pelo grupo, assim como o relacionamento com Yoko Ono, a artista plástica japonesa com quem o músico se casou em 1969.

John Lennon, inclusive, foi o primeiro a dizer para a banda que sairia, mas o tino empresarial de Paul McCartney falou mais alto. Foi ele que, em 9 de abril de 1970, encaminhou à imprensa um comunicado dizendo que deixava os Beatles. Ele lançaria um álbum solo no dia 17 daquele mesmo mês e a decisão acabou sendo uma forma de divulgação de seu trabalho. 

O último take

Capa do icônico álbum Abbey Road, lançado em 1969, o penúltimo da carreira do grupo.

A última vez que Paul, John, George e Ringo entraram juntos em um estúdio para uma gravação foi durante o penúltimo álbum do grupo, The Abbey Road, de 1969. Curiosamente, foi para gravar a faixa The End, que fecha o disco, em 18 de agosto de 1969. 

O álbum seguinte, Let it Be, lançado em maio de 1970, pouco depois do fim do grupo, teve suas faixas registradas com os integrantes gravando instrumentos e vozes separadamente. Já não havia clima favorável na banda.

Apesar de derradeiro, o último trabalho deixou registrada a canção que dá nome ao álbum, e que diz: “E quando todas as pessoas magoadas que vivem no mundo concordarem. Pois embora possam estar separados há ainda uma chance que eles verão. Haverá uma resposta. Deixe estar”. Uma emocionante carta de despedida.

Leia a séria completa: 

Liverpool, onde o sonho não acabou

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