A rainha das curvas na arquitetura mundial
Conheça a trajetória inspiradora da arquiteta Zaha Hadid. Ela desafiou limites, revolucionou o design com formas ousadas e inesperadas e se tornou um ícone da arquitetura moderna provando que a imaginação não tem limites
Se existe um nome que transformou a arquitetura em arte, esse nome é Zaha Hadid. Com curvas que desafiam a gravidade e construções que parecem saídas de um futuro distante, ela mudou a forma como se enxerga os espaços urbanos. Nascida no Iraque, cresceu em meio a contrastes entre a tradição e a modernidade, e levou essa dualidade para suas criações. Seu legado atravessa gerações e continua inspirando arquitetos, designers e apaixonados por formas inovadoras.
Do Oriente Médio para o mundo
Zaha Hadid nasceu em Bagdá, em 1950, em uma família que incentivava o conhecimento e a arte. Em uma entrevista, Zaha Hadid revelou que seu fascínio pela arquitetura começou ainda na infância, durante viagens às antigas cidades sumérias no sul do Iraque. Na década de 1960, ela foi estudar em internatos na Inglaterra e na Suíça.
Antes de ingressar na arquitetura, Hadid estudou matemática na Universidade Americana de Beirute. Em 1972, mudou-se para Londres e cursou a Architectural Association School of Architecture. Seu talento e visão já se destacavam na época, a ponto de seu professor Koolhaas descrevê-la como “um planeta em sua própria órbita” no momento da formatura.

Com curvas suaves e um design futurista, esse centro cultural parece fluir como um tecido ao vento. É um dos projetos mais reconhecidos de Hadid e se tornou um marco na arquitetura contemporânea.
Para o seu professor Elia Zenghelis, Hadid foi a aluna mais brilhante que já ensinou. Segundo ele, sua abordagem única transformava tudo o que projetava: “A chamávamos de inventora dos 89 graus. Nada nunca estava exatamente a 90 graus. Sua visão era espetacular”
Foi em Londres, onde começou a moldar sua identidade no mundo do design. Em 1980, fundou seu próprio escritório, o Zaha Hadid Architects. Hadid também lecionou arquitetura em diversas faculdades, como Universidade Harvard, Universidade de Cambridge, Universidade de Chicago, Universidade de Belas Artes de Hamburgo e na Universidade Columbia.
Mesmo com um portfólio impressionante, enfrentou dificuldades por ser mulher em um campo dominado por homens. Seus projetos, muitas vezes considerados impossíveis de construir, foram recebidos com resistência. Mas Hadid não recuou. Cada rejeição era combustível para provar que sua visão era viável. O reconhecimento mundial veio nos anos 2000, quando suas obras começaram a ganhar vida e sua estética fluida conquistou o mundo.
Rainha das curvas: o estilo que mudou a arquitetura
Zaha Hadid não seguia regras. Sua arquitetura desafiava a linearidade tradicional e abraçava formas orgânicas, dinâmicas e fluidas. Inspirada pelo construtivismo russo e pela geometria avançada, suas obras parecem estar em constante movimento. Suas criações muitas vezes exigiam tecnologias inovadoras para serem concretizadas, pois moldavam materiais como concreto e vidro de maneiras inéditas.
O jornal The Guardian chegou a chamá-la de “rainha das curvas”, destacando sua capacidade de transformar a geometria arquitetônica em uma linguagem expressiva e inovadora. Essa abordagem fez dela uma das arquitetas mais influentes do século XXI. Seu estilo se tornou referência para construções futuristas.
Ao longo de sua carreira, Zaha Hadid assinou projetos em diversas partes do mundo, como o Centro Aquático de Londres, construído para as Olimpíadas de 2012; o Eli and Edythe Broad Art Museum, em Roma, e a Ópera de Guangzhou, na China.
Zaha faleceu em 2016, vítima de um infarto aos 65 anos. Várias de suas obras ainda estavam em construção, entre elas o Aeroporto Internacional de Pequim-Daxing, na China, e o Estádio Al Janoub, no Catar, um dos palcos da Copa do Mundo FIFA de 2022.
Reconhecimento e premiações
Zaha Hadid quebrou barreiras na arquitetura. Em 2004, tornou-se a primeira mulher e a primeira árabe a receber o Prêmio Pritzker, uma das maiores honrarias do setor. Nos anos seguintes, acumulou mais reconhecimentos, incluindo o Prêmio Stirling, que venceu em 2010 e 2011, e o título de Dama da Ordem do Império Britânico, concedido pela rainha Elizabeth II em 2012. Pouco antes de sua morte fez história mais uma vez ao ser a primeira mulher a ganhar individualmente a Medalha de Ouro do Royal Institute of British Architects.
Sua influência ultrapassou os limites da arquitetura. Zaha Hadid figurou na lista da Forbes entre as “Mulheres Mais Poderosas do Mundo”, foi nomeada “Artista da Paz” pela Unesco e, em 2010, a revista TIME a reconheceu como uma das maiores pensadoras do mundo.

Criado para os Jogos Olímpicos de 2012, este centro esportivo tem uma cobertura ondulante inspirada no fluxo da água, criando um efeito impressionante de leveza e movimento.

Uma estação que redefine o conceito de mobilidade urbana. Suas formas fluidas criam um fluxo natural para os passageiros e integram a arquitetura ao movimento das pessoas.

Uma fusão entre o antigo e o moderno: um edifício histórico portuário recebeu uma estrutura futurista que se projeta para o céu como uma escultura de cristal.

Um complexo comercial em Pequim que elimina ângulos retos e aposta em formas suaves e contínuas, criando um efeito visual impactante.

Seu terminal central, em forma de estrela do mar, otimiza a circulação de passageiros e integra soluções sustentáveis, como iluminação natural e ventilação inteligente, tornando-se um marco da arquitetura contemporânea.
Um legado imortal
Mesmo após sua morte, seu impacto na arquitetura continua vivo. Seu trabalho abriu portas para novas formas de pensar os espaços urbanos, inspirando futuras gerações a desafiar o convencional. Seu nome permanece como sinônimo de ousadia e criatividade. Se antes a arquitetura era um jogo de linhas retas e previsíveis, Hadid mostrou que o futuro pertence às curvas, às formas inesperadas e à imaginação sem limites.
Falta foto – Legenda:
One Thousand Museum (EUA)
Um dos últimos projetos de Hadid, esse arranha-céu em Miami combina luxo e inovação estrutural, destacando-se na paisagem urbana.

Uma construção que desafia a lógica: um arranha-céu com um enorme vazio no centro, criando um efeito surpreendente de escultura arquitetônica.


Essa construção impressiona pela integração entre arquitetura e paisagem, criando um efeito de continuidade entre o edifício e o ambiente ao redor. A fachada irregular reflete a luz de forma única.

O estádio tem um design futurista inspirado nos tradicionais barcos de pesca árabes, refletindo a cultura e a herança marítima do Catar. Conta com cobertura curva e aerodinâmica e teto retrátil, possibilitando a adaptação a diferentes condições climáticas.
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