Saiba como Adriana Rugna integra arte e sensações nos seus projetos.
Basta sair na rua, engatar uma conversa, ligar o rádio do carro ou navegar nas redes sociais para notar o cenário: os últimos anos trouxeram à tona a instabilidade global e seu profundo impacto na vida de cada ser humano. Na imprevisibilidade entre a polarização social, a turbulência econômica, a crise climática, o envelhecimento da população, a violência e os avanços tecnológicos tão rápidos e marcantes, surge a necessidade primordial de encontrar um REFÚGIO que ofereça conforto e equilíbrio.
É nesse contexto que Adriana Rugna se destaca como artista, transformando espaços em lares repletos de significado para revelar a identidade de seus habitantes. Conversamos com a recém-moradora de Piracicaba para trazer dicas valiosas para a sua casa.
Construindo Espaços Significativos
Adriana traça um paralelo intrigante entre a crescente preocupação com o bem-estar mental e físico e a metamorfose do lar em um sentimento. Ela destaca:
“A tendência atual é que a ‘casa’ não seja apenas um local físico, mas sim um estado de espírito, um refúgio que transcende a matéria.”
Formada em Design de Interiores pela Escola Panamericana de Artes, apreciadora das artes, pesquisadora e viajante permanente, Adriana é uma observadora atenta aos padrões da natureza e do comportamento humano. O termo “design”, utilizado no Brasil, apesar de ter se apropriado da língua inglesa, tem origem latina, que evoca o verbo DESIGNARE, no qual se implicam os sentidos de DESÍGNIO (intenção) e de desenho (configuração). … Design significa, então, planejar e dar forma.
Para edificar um espaço que reavive o bem-estar, Adriana nos aconselha a refletir a personalidade, os hábitos e os costumes dos moradores em cada detalhe do ambiente.
“Devemos parar e prestar atenção em tudo o que as paredes, o piso, o teto e os móveis tem para nos contar. Aquele ambiente vibra e isso deverá entrar em sintonia com os seus moradores, seus anseios, sonhos e necessidades”.
Ela acredita que a casa se torna verdadeiramente um lar quando é impregnada com a “assinatura do seu dono”. Para atingir essa harmonia, Adriana criou um método que utiliza a representação visual de símbolos e imagens como ponto de partida para cada projeto.
“Seja uma pintura, um grafite ou uma escultura, qualquer objeto de arte que seja precioso para os moradores pode guiar o design. A arte tem a capacidade única de suavizar e tocar as pessoas de maneira profunda”, revela Adriana.
Para Além da Estética – A Influência das Formas e Cores nas Nossas Sensações
Para nos explicar sobre a influência do ambiente externo em nossos sentimentos, Adriana nos explicou sobre a Síndrome de Pietà. Você já ouviu falar? Essa peculiar condição foi identificada pela psiquiatra Grazielle Margherini em 1989, após analisar 106 pacientes com sintomas diversos, variando de entorpecimento a problemas cardíacos. Dois elementos em comum emergiram entre esses casos: a visita a Florença e uma sensibilidade artística aguçada.
Obras de arte icônicas, como “O Nascimento de Vênus”, de Sandro Botticelli, e a célebre Pietà de Michelangelo, podem desencadear reações emocionais intensas em muitos turistas, chegando a provocar mal-estar a ponto de alguns necessitarem de atendimento médico. A própria conexão entre o prazer de contemplar algo tão belo e o potencial desconforto é intrigante. De fato, formas, cores e texturas geram profundo impacto sobre nossas emoções.
Essa experiência transcende o universo das artes; ela permeia nosso cotidiano. Adriana explora essa essência por meio de seu trabalho, cujos projetos abrangem desde a busca por inspirações artísticas até a seleção meticulosa de formas, cores e texturas.
“Através das cores, transmitimos emoções positivas e negativas. A percepção das cores exerce influência direta sobre nosso estado de espírito”, afirma. Essa sensibilidade às nuances se reflete não apenas nas tonalidades, mas em todo o desenho de seus projetos.
Nessa interligação entre cores, formas e texturas no design, Adriana Rugna nos convida a colocar mais cor nos espaços, pois ela tem o poder de promover ainda mais alegria, paz e harmonia.
Uma outra tendência muito forte são móveis com formas mais sinuosas, pois têm o poder de instigar sensações acolhedoras e harmoniosas. Curiosamente, por outro lado, estudos de neurociência revelam que objetos com formas pontiagudas podem acionar um estado de alerta no cérebro, enquanto formas suaves, mais orgânicas, têm o poder de induzir uma sensação de tranquilidade e aconchego.
Redescobrindo o Prazer em Casa
A influência do design escandinavo se destaca como um exemplo notável de como a estética e a funcionalidade podem coexistir de maneira harmoniosa. Adriana cita o livro “O segredo da Dinamarca”, considerado o país de pessoas mais felizes do mundo segundo a ONU. Cidades como Copenhague, na Dinamarca, são famosas por interseccionar a estética e a felicidade.
Marcados por climas rigorosos e longos períodos de escuridão, os dinamarqueses abraçaram o conceito “Hygge” – a arte de criar ambientes aconchegantes que nutrem a alma. A designer nos convida a refletir sobre como podemos importar essa filosofia para os nossos lares, infundindo-os com o calor e a harmonia que tanto buscamos.
No contexto brasileiro, onde o clima tropical e a rica cultura se entrelaçam, Adriana observa uma mudança de perspectiva em relação ao lar. Pesquisas recentes destacam que para a maioria dos brasileiros, a casa se tornou o local favorito. Passamos boa parte do nosso tempo em casa cozinhando, aproveitando o tempo com a nossa família, recebendo amigos e até trabalhando. O cenário da pandemia impulsionou um olhar mais profundo para o ambiente doméstico, levando a uma valorização da arquitetura de interiores como ferramenta para aprimorar o bem-estar.
O Conselho da Especialista
Afinal, quem não deseja uma casa deslumbrante? Investir em um mobiliário de qualidade, peças de designer mais criativas e obras de arte criam um ambiente aconchegante, agradável, belo e funcional. Desperta a vontade de passar mais tempo nele. Isso promove o prazer, o lazer, o acolhimento de amigos e até a produtividade no trabalho.
Por trás de um espaço que nos surpreende e proporciona bem-estar, existe muito estudo, planejamento meticuloso e atenção aos detalhes. Isto faz toda a diferença. E é aqui que entra a expertise da Adriana. Projetar o interior de uma casa com um profissional especializado é considerado por muitos um “luxo”, mas na realidade é muito mais acessível, econômico e com resultados assertivos do tempo investido.
A designer de interiores encerra sua reflexão com um conselho:
“Organize,
Descarte o que não tem mais utilidade,
Invista naquilo que te gera bem-estar e conforto,
Valorize e conserve objetos de valor afetivo.
Seja mais criativo e renove sua casa regularmente,
Ela é parte da sua identidade”.
Adriana Sacramento Rugna
@adrianarugna
Designer de Interiores e co-fundadora da Jam Houses
@jamhouses
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