“A revista impressa não vai acabar”, diz Caco Alzugaray

Caco Alzugaray, presidente-executivo da Isto É, fala sobre o atual momento do mercado editorial brasileiro.

Qual o papel da mídia impressa em um mundo onde as notícias são atualizadas a cada minuto pelos portais e chegam instantaneamente até os leitores por meios virtuais? E a revista impressa, afinal, qual função ela exerce na sociedade atualmente? Para debater sobre essas e outras questões que permeiam o universo da comunicação, Caco Alzugaray, presidente-executivo da Editora Três, responsável pela publicação da revista Isto É, recebeu a equipe da Trinova na sede da editora em São Paulo.

Chancelando a estreia da revista Trinova, Caco celebrou a chegada de mais um produto no mercado editorial brasileiro e parabenizou a diretora executiva Cristiane Teixeira pelo projeto, já esclarecendo um mito: “a revista impressa não está acabando e nem vai acabar”.

E o executivo tem experiência no ramo para tal afirmação. Ele é filho de Domingos Alzugaray, jornalista e fundador da Editora Três e da Isto É, que faleceu em 2017. Caco está no comando da editora desde 2007, mas começou na empresa aos 19 anos. Até assumir a presidência, ele exerceu várias funções dentro do negócio: começou a trabalhar como assistente de redação, foi gerente de produto e diretor de marketing. “Já morei em uns 10 endereços diferentes na vida, então há 30 anos me desloco de pontos diferentes de São Paulo para o mesmo local de trabalho”, contou Caco ao se referir à sede da editora Três, localizada na Lapa de Baixo.

Caco também é publisher da produtora de conteúdo Rocky Mountain, que publica revistas em filiação com a Editora Três. Os produtos – Go Outside, Hardcore, Runners World, Bicycling e Women’s Health – são especializados em esportes, natureza, bem-estar e vida ao ar livre. A produtora também realiza os eventos RockySpirit, Rocky Man e Circuito Brasileiro de Surf.

Mudança de proposta

Muito se fala sobre o fim da revista como mídia impressa, mas, para Caco Alzugaray esse conceito está fora de cogitação. O que está acontecendo é uma mudança de proposta no meio editorial.

“Por exemplo, a revista semanal de informação, que nasceu há 70 anos com a Times, foi criada realmente para informar o que acontecia naquela semana e cumpriu esse papel até os últimos anos. Porém, faz muito tempo que a revista semanal não informa mais diretamente porque todo mundo consome notícias no mesmo segundo através dos meios digitais. Então, a revista semanal deixa de ser informação para virar a análise, ela sinaliza para onde está indo o mundo, seja o mundo do seu bairro, cidade ou país.”

Sobre os produtos com outras periodicidades, o diretor executivo opina que estão virando arte porque podem ser perenes, já que muita gente coleciona, ou semi perene pois não são descartáveis devido aos conteúdos atemporais. “Quando eu era garoto e pegava onda, a revista de surf já serviu para me informar como foi o campeonato porque não tinha mídia eletrônica. Agora, para quem gosta de surf, a revista é arte. Houve uma mudança no direcionamento do conteúdo”, explicou.

Missão

Política, economia, moda, entretenimento, esportes… são diversos os segmentos de revistas. Caco aponta que cada uma tem a sua missão de acordo com o modelo do veículo e o público alvo.

“A Editora Três trabalha mais com notícias, por isso enxergamos o momento do ambiente que atingimos. Nosso papel é dar a nossa visão e sinalizar a opinião sobre o certo e o errado dos acontecimentos.”

A missão assumida pela editora tem demonstrado bons resultados com os leitores. A Isto É, seu principal produto, é uma das três maiores revistas impressas do Brasil, ao lado da Veja e da Época. No portal online – vale lembrar que é grande aliado do impresso e não um adversário – a Isto É ultrapassou em 2019, por dois meses consecutivos, a audiência do site da sua maior concorrente, a Veja.

“Assim como os influenciadores digitais têm seus fãs, as revistas também carregam pessoas que acreditam que seus conteúdos são coerentes e inteligentes”, frisou Caco Alzugaray.