Professor Antônio Carlos Giuliani, diretor executivo da Fundação Municipal de Ensino de Piracicaba (Fumep). (Foto: Marcelo Germano)
O estudo do comportamento do consumidor ocupa posição de relevância no marketing; afinal se tornou uma de suas mais importantes e complexas áreas, pois analisa os processos envolvidos nos casos em que indivíduos ou grupos de indivíduos selecionam, compram, usam ou dispõem de determinados produtos, serviços, ideias ou experiências para satisfazer suas necessidades e seus desejos. Pesquisa realizada na China entre 8 de abril e 15 de junho deste ano pela empresa de consultoria Inovasia, com objetivo de analisar o comportamento de compra dos consumidores chineses, revelou que entre os hábitos do “novo normal” estão pequenas comodidades diárias, bem como maior preocupação com a saúde e com a origem de produtos e serviços. No momento do retorno às compras com a reabertura do setor de varejo, mais de 60% dos entrevistados disseram que saíram para comer com amigos, 55% foram ao salão de beleza e 52% foram comprar itens para fazer exercício em casa, o que mostrou uma tendência em consumir para compensar o tempo sofrido no encasulamento. O citado estudo contribuiu para uma reflexão do que podemos considerar para o Brasil como forma de análise para as empresas elaborarem ou readequarem suas estratégias para o mercado.
Depois da reabertura, o interesse pelas lives não recuou entre o público chinês e muito menos entre as marcas chinesas, que aumentaram suas vendas no “comércio ao vivo”, termo usado para designar o virtual eletrônico. Outro ponto é que a população da China continuará reconhecida pelo hábito de comprar pela internet. Neste ano, estima-se que 56 milhões de pessoas passem a fazer parte deste grupo, com exigência de que o produto seja entregue em até uma hora. Esses novos consumidores, chamados pela pesquisa de late adopters – aqueles que aderem tardiamente a uma tendência em comparação com o restante da população, são homens acima de 50 anos que têm pouca intimidade com smartphones ou temor de sofrer golpes on-line. Outro setor que cresceu foi o de educação à distância.
Para 72% dos estudantes que fizeram pela primeira vez um curso à distância, a experiência foi descrita como “ótima” ou “boa”. Já a demanda por produtos frescos predomina em relação aos congelados; e as vendas de automóveis, que caíram 89% na China durante a pandemia, foram retomadas com força para uma classe média ascendente no país que prefere evitar o transporte público, no qual o risco de transmissão de doenças é maior. Observa-se também que o aumento de notícias falsas, as fake news, fez emergir um consumidor que valoriza as fontes seguras de informação. Como resultado, ocorreu uma migração de consumidores de grandes supermercados e shopping centers para pequenos comércios locais, visto que passaram a consumir marcas locais e a dar preferência a itens produzidos e vendidos por pequenos comerciantes. Outra iniciativa da China, considerada como a primeira sociedade “sem dinheiro em espécie” do mundo, foi a criação de sua criptomoeda estatal, a Digital Renminbi; utilizada por aproximação de celulares, mesmo que não estejam conectados à internet.
Por tudo isso, e diante das alterações no comportamento dos consumidores no pós-pandemia na China, vale a pena refletir sobre como essas mudanças ocorrerão no Brasil e quais impactos causarão às empresas.
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