Na sede do Grupo Jovem Pan, o jornalista contou à Trinova o que aprendeu ao puxar o freio no auge da sua carreira na emissora.
Vinte e quatro anos, três meses e 17 dias. Esse foi o período exato que o jornalista, apresentador e comunicador Patrick Santos integrou o time da Jovem Pan. Entrou para o grupo ainda na faculdade, como estagiário, e durante cinco anos foi gerente de jornalismo da emissora, comandando uma redação com mais de 100 profissionais em São Paulo, além de correspondentes no mundo todo. Patrick também esteve à frente de um dos programas de política de maior audiência do rádio brasileiro, o 3 em 1 da JP, e participou de inúmeros projetos da emissora.
Por essa breve descrição, você já pode imaginar o ritmo acelerado da rotina de Patrick durante esses mais de 20 anos. Assim como 30% dos trabalhadores brasileiros, o comunicador começou a apresentar esgotamento físico e mental, se aproximando do Burnout, síndrome decorrente do estresse crônico no ambiente de trabalho. Mas logo que percebeu os sinais de estafa do seu corpo, Patrick tomou uma decisão que mudou sua perspectiva de vida: pediu demissão do trabalho em agosto de 2018 e tirou o pé do acelerador para entrar em um período sabático.
Para muitos a ideia de pausar uma carreira consolidada é um ato de loucura. Mas para Patrick o sabático que durou nove meses foi como um mergulho interior de autodescoberta e novas reflexões.
“Foi transformador, é como renascer. Eu precisava desse tempo, de olhar para mim. Hoje em dia as coisas acontecem muito rápido, temos que saber o tempo inteiro sobre tudo o que está acontecendo. A gente não dá conta, e não precisa dar. Precisei me tirar da tomada para depois ligar novamente, mas com outra frequência”, relata Patrick.
O fruto do período sabático – além de um novo Patrick – é o livro “45 do Primeiro Tempo”, o primeiro do jornalista. Lançado em maio de 2019, o livro conta o que o sabático ensinou ao Patrick sobre trabalho, carreira e propósito de vida.
Reinvenção
Patrick entrou no sabático sem nada planejado. A única certeza que tinha era que queria a estudar as mudanças nos processos da comunicação e olhar de cima o universo no qual está imerso há tantos anos.
“Não atravessei os oceanos de veleiro, não fui meditar no Himalaia e nem fui pra Índia, como costumam fazer nos períodos sabáticos. Optei por algo simples, fiquei em casa, em São Paulo, e fiz uma viagem interna. Basicamente fiquei em casa estudando”, contou.
As reflexões sobre um novo Patrick que se formava ao decorrer dos dias do sabático começaram a tomar forma na escrita. A ideia do nome do livro veio durante o caminho para a yoga. A metáfora com a expressão ligada ao tempo da partida de futebol ganha mais sentido pelo fato de o jornalista ter 45 anos quando escreveu o livro. “Aos 45 do primeiro tempo inicia-se o intervalo da partida. É o momento que os jogadores descem para descansar, conversar com o treinador. Na vida é a mesma coisa, às vezes precisamos descer um pouco para o vestiário para nos reorganizar. E foi o que eu fiz, exatamente com 45 anos de idade, no primeiro tempo da minha vida.”
Patrick conta que o processo de escrita do livro foi catártico. “Escrevi muito rápido, em dois meses, porque o livro já estava escrito em mim”, disse. Em “45 do Primeiro Tempo” o comunicador conta sobre a sua trajetória no jornalismo, passando também por um lado psicanalítico, onde ele aborda questões familiares. Em um capítulo emocionante, ele conta sobre quando conheceu o pai, aos 40 anos.
Os capítulos dos livros são ilustrados pelo caricaturista de Piracicaba Érico San Juan, que Patrick conheceu no rádio.
Podcast
Depois da pausa no meio radiofônico, Patrick Santos voltou aos microfones, mas, agora, com outro formato. Em outubro de 2019 o seu livro saltou do papel para o meio digital no podcast “45 do Primeiro Tempo”. O programa apresentado por Patrick foi lançado pela plataforma de podcasts da Jovem Pan e marca o retorno do comunicador e, agora, escritor, à emissora que é sua segunda casa.
O programa trata principalmente sobre transição de carreira e desenvolvimento humano. Em cada episódio Patrick recebe convidados que transformaram suas vidas profissionais substituindo o formato tradicional de trabalho por uma rotina com mais equilíbrio e felicidade.
Uma vida com mais sentido é o assunto que permeia as pautas no podcast de Patrick. Quando perguntado sobre o que é ter uma vida com sentido, ele é rápido na resposta: “É ter uma vida com propósito. É fazer as coisas que fazem sentido para você. Engatamos em rotinas e não conseguimos olhar as coisas que interessam para a gente. A pausa do sabático me trouxe essa percepção, de qual é o meu propósito. Uma vida com sentido é encaminhá-la para as coisas que fazem sentido para mim, que me dão alegria, me motivam. Hoje se fala tanto em propósito e isso é a salvação.”
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