Fantasia e realidade se misturam no universo de influencers criados por computação.
Não é novidade para ninguém que os influenciadores digitais tomaram conta das nossas redes sociais. Eles ditam tendências e propagam suas ideais sobre as mais variadas vertentes e nós passamos horas acompanhando suas rotinas. Cá entre nós, quem nunca ficou acordado até mais tarde ou enrolou para sair da cama de manhã porque ficou ali assistindo todos os stories daquela criadora de conteúdo que nem sabe da sua existência? Sem julgamentos. Inclusive, eu sempre. Mas, para você, seria normal seguir e acompanhar a vida de influencers que, na verdade, não existem? Porque agora essa é a realidade da internet: influencers digitais virtuais.
Confuso? Eu explico: existe uma onda crescente na internet de perfis de personalidades que na real são uma CGI (imagem gerada por computação) criados em programas de modelagem 3D e que surpreendem pelo hiperrealismo. Ou seja, há uma geração de influenciadores que só existem online.
Na teoria eu achei tudo isso muito bizarro, até me deparar com o perfil da Noonoouri e ficar completamente obcecada com essa fashionista de 19 anos que é ativista, vegana e vive em Paris. Noonoouri é uma boneca digital que “nasceu” em fevereiro de 2018 no país Instagram e já tem uma legião de seguidores, incluindo Kim Kardashian e Marc Jacobs. Ela foi criada pelo alemão Joerg Zuber, diretor de criação da agência de design e branding de Munique Opium Effect, que já trabalhou com marcas como Chanel e Louis Vuitton.
Zuber passou sete anos procurando quem investisse em sua boneca que parece um desenho japonês. “Loucura”, eles disseram. Até que ele resolveu seguir sozinho. A loucura do alemão deu tão certo que Noonoouri já fez publicidade para marcas como Versace, H&M, e foi contratada pela Dior para divulgar a coleção pré primavera-verão 2019. Ele esteve no Brasil em dezembro de 2018 para falar sobre a sua invenção e relatou que ao criar Noonoouri imaginou algo entre a modelo e atriz Naomi Campbell e Kim Kardashian. “Pra mim, Naomi é o inalcançável, uma mulher maravilhosa de outro mundo; e Kim é algo num nível mais olho no olho, a cara das mídias sociais.”
“A alma dela é nutrida por mim, portanto ela tem um conhecimento de moda de 30 anos por minha causa. Poderia tê-la feito perfeita. Mas queria algo que fosse como todos nós, com nossas dificuldades e problemas que precisamos enfrentar. Então ela é baixinha, tem uma cabeça grande, os olhos gigantes; tudo isso pra passar a ideia de que ela é dependente dos humanos. Ela não pode falar, por exemplo. Só pode escrever. Precisa de outra pessoa pra dar uma entrevista, não consegue responder sozinha”, contou o designer.
Outra simulação virtual que virou um fenômeno na internet é Lil Miquela, uma hispano-brasileira com mais de um milhão e meio de seguidores no Instagram. Ela tem no currículo parcerias com grandes grifes… Prada, por exemplo. Miquela surpreende ainda mais por ter músicas próprias no Spotify e clipes no Youtube. Seu single “Not Mine” tem mais de 500 mil visualizações e é uma batida eletrônica com uma voz claramente robotizada (óbvio).
Além da aparência hiperrealista, Lil Miquela tem fatores que a deixam ainda mais humanizada. A influencer é apoiadora de causas importantes como o movimento Black Lives Matter (campanha ativista internacional que combate a violência contra pessoas negras) e já passou por uma espécie de crise existencial: “descobriu” que era apenas uma personalidade virtual. A ideia é bem paradoxal, parece ser uma estratégia para mostrar que ela tem sentimentos. Sendo estratégia ou não, o fato é que deu certo.
Imersa nesse universo das influencers virtuais, o perfil que mais me chamou a atenção foi o da primeira supermodelo digital do mundo, a Shudu Gram. Já tinha visto editoriais de moda com ela, mas nunca passou pela minha cabeça o fato de que na realidade ela é uma animação digital em 3D. Shudu se assemelha a uma mulher com muita precisão! Ela foi criada pelo fotógrafo James Wilson e seu Instagram ficou famoso após ter uma foto compartilhada pelo perfil da Fenty Beauty, marca de maquiagem da cantora Rihanna. Eu não fui a única que caí na cilada: os internautas começaram a questionar se aquela modelo não seria “perfeita demais” e foi aí que Wilson admitiu que Shudu era um trabalho seu e uma maneira de expressar sua criatividade. E haja criatividade, hein?!
Além de Noonoouri, Shudu e Miquela, também estão nesse time Lawko (@blawko22), Bermuda (@bermudaisbae) e J-Nice Prempelli (@opalslutuniverse).
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