BLOCKCHAIN: TRANSFERÊNCIAS MAIS SEGURAS NA INTERNET AO ALCANCE DE TODOS

por | 31 maio, 2021 | 0 Comentários

DESCONFIANÇA, NO ENTANTO, AINDA E EMPECILHO PARA O USO MASSIVO DA FERRAMENTA

Nas últimas décadas, é incontestável o quanto o uso da informática e da cibernética se tornou fundamental na realização das tarefas mais básicas. O setor financeiro, por exemplo, foi um dos primeiros a aderir aos recursos de ambas as ciências e caminhando sempre na vanguarda, trabalhou pela realização de movimentações monetárias computadorizadas e chegou a transformar o dinheiro em algo intangível, tal como, com as criptomoedas.

Dado isso, é inegável a necessidade de proteção para todo aquele que trabalha com valores pecuniários via internet, mas não só, também com a utilização, envio e recebimento de documentos importantes e outros arquivos que precisem de sigilo. É aí que entra o blockchain.

Mas o que é o blockchain? Traduzindo literalmente do inglês, o termo significa “cadeia de blocos” e foi muito difundido quando Satoshi Nakamoto, pseudônimo do(s) criador(es) do bitcoin, explicou- (aram) a tecnologia que validaria todo este novo sistema, registrado dentro de blocos sequenciais, em uma cadeia contínua, que garantiria a validade e existência das transações como se fosse um “livro- razão” aberto, público, rastreável e imutável a todos os participantes da rede.

Não há um servidor central para a base de dados, o que faz com que a alteração das informações ali contidas seja quase impossível. Para tal, seria necessário um “ataque” de mais de 51% da rede para se conseguir mudar um bloco validado. A rede toda dá a confiança de que os dados estarão protegidos.

Mas para que serve o blockchain? Basicamente, para transferir, com segurança, a propriedade de qualquer coisa a outra pessoa. Ele registra a entrada e saída de ativos, tais como, identidade, dinheiro, títulos mobiliários e imobiliários, votos, posse de obras de arte, diamantes e até energia elétrica, de forma segura e sem intermediários. Ele prova que você é o dono do ativo e que só você pode transmiti-lo adiante. Além disso, qualquer ativo físico pode ser digitalizado.

DESCONFIANÇA DA SOCIEDADE

O blockchain é a tecnologia por trás do bitcoin e de outras criptomoedas. A desconfiança ainda existente em relação à ferramenta surge da falta de conhecimento acerca do tema.

Pelo menos é o que garante a consultora e strategy advisor da Blockchain Academy, Juliana Sato. Ela explica que como o bitcoin foi popularizado como moeda de troca na chamada “dark web”, onde também havia a comercialização de drogas e armas, por exemplo, isto estigmatizou o bitcoin como “dinheiro de criminoso”. Além disso, em 2017, o bitcoin teve um registro histórico em seu valor, atraindo os olhos de muitos investidores e curiosos e isto abriu a oportunidade para que indivíduos não sérios usassem do não conhecimento das pessoas acerca deste ativo para aplicar golpes e esquemas, o que aumentou ainda mais a insegurança e desconfiança da sociedade. No entanto, desde então, o mercado já pôde dissociar os criptoativos, que ainda são objetos de discussões controvertidas, da tecnologia envolvendo o blockchain, que se mostra ser uma alternativa e solução para a otimização de processos dentro das empresas e até dentro de sistemas eleitorais.

Carl Amorim, CEO do Blockchain Research Institute (BRI) Brasil, por sua vez, comenta que a ferramenta é fundamental para investimentos em carteiras digitais e criptoativos e que ela está abrindo, com segurança, um caminho que antes era um serviço prestado, pura e simplesmente, pelos bancos. Ele diz ainda que daqui pra frente qualquer um irá poder lançar os seus próprios títulos e explica que a desconfiança da sociedade vem da incapacidade da mídia de tratar sobre o assunto com seriedade.

“É muito mais legal publicar sobre os perigos da tecnologia do que você fazer uma matéria competente e séria sobre as oportunidades que ela traz. Além do mais, existe uma imaturidade do próprio mercado de blockchain, onde os operadores se acham ‘criptoarqueólogos’, buscando pirâmides, ao invés de criarem um guia de melhores práticas que apresente as empresas sérias do setor, quais são os modelos de negócios a se praticar e como identificar pirâmides a fim de acabar com elas. No entanto, ficam apontando para o primeiro rival que encontram como um possível fraudador e o Facebook e o WhatsApp criam o pânico como forma de competição no mercado. Existem fraudadores? Sim. Mas isto existe desde sempre. É claro que a internet ampliou o alcance destas pessoas, mas é preciso mostrar o que dá para ser feito de bom com esta ferramenta. O dinheiro em papel é muito mais inseguro, muito mais propenso às contravenções e mal feitos e isso também precisa ser dito”.

Ele finaliza argumentando que “quanto mais a tecnologia estiver difundida, menos se vai falar nela e maior será a sua utilização, desde que o seu uso seja simples e prático para todos”.

EXPANSÃO DO MERCADO FINANCEIRO

A agilidade, a redução de custos e a praticidade desta tecnologia, certamente, colaboram para um maior uso dela em operações no âmbito financeiro. Mas como conseguir fazer com que os brasileiros passem a utilizá-la de maneira mais consistente? No ano passado, o Banco Central (BC), a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e a Superintendência de Seguros Privados (Susep) trabalharam na criação e lançamento da Plataforma de Integração de Informações das Entidades Reguladoras (Pier), que entrou em operação com o intuito de agilizar os processos de autorização do sistema financeiro. O sistema, que usa a tecnologia blockchain, permite o compartilhamento instantâneo entre as bases de dados de diversos órgãos.

A professora e especialista em Banking da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Thaís Cárnio, comenta que conforme iniciativas como essas forem sendo adotadas e se tornando, com o tempo, bem sucedidas, a ferramenta será gradualmente absorvida. Porém, ela ressalta que “é mais importante que os passos dados neste sentido sejam mais firmes do que rápidos, para que toda a estrutura não seja comprometida” e acabe sendo, definitivamente, desacreditada no futuro.

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