A introdução alimentar guiada pelo bebê tem ganhado cada vez mais adeptos no Brasil e coloca um ponto final nas colheradas estilo aviãozinho.
BLW. Baby-led weaning. Em português, o desmame guiado pelo bebê. Esse método de introdução alimentar dá as rédeas nas mãozinhas fofinhas dos pequenos, e cabe a eles decidirem como e quanto comem. A parte do desmame é gradual – quanto maior o interesse pela comida, consequentemente um dia o tetê vai sair de cena – o foco aqui é deixar o bebê se alimentar sozinho desde o primeiro contato com sólidos.
Imagine a cena: seu bebê completou os tão esperados seis meses, hora de começar a comer! Você comprou o cadeirão, sentou o baby ali, e ao invés de falar “olha o aviãozinhoooo” e enfiar uma colherada de papinha na boca dele, você coloca um pedaço inteiro de brócolis na bandeja. Parece loucura? O BLW é assim. Gill Rapley, inglesa pioneira no método, explica o conceito: “Embora muitos acreditem que a introdução alimentar (I.A.) dos bebês deva ser feita com papinhas servidas na colher, o ato de comer sozinho permite que os bebês utilizem suas habilidades naturais de explorar sabores, texturas, cores e aromas. Também incentiva a independência e confiança ao permitir que a experiência alimentar seja realizada no ritmo deles”, explica. No seu livro Baby-led Weaning: Helping Your Baby to Love Good Food (2008), ela disserta sobre como essa independência é nada mais do que natural, e que não, não existem riscos maiores de engasgo.
Preparo especial
Mas é claro que não dá pra oferecer qualquer coisa. Todo um cuidado deve ser tomado para evitar os temidos engasgos (assim como em qualquer método de I.A.). Os alimentos devem ser cortados de forma segura e cozidos (se for o caso) até ficarem bem molinhos para o bebê conseguir mastigar – mesmo sem ter dentes (acredite, a gengiva é bem dura e capaz de esmagar os alimentos). Aliás, uma das vantagens do BLW é estimular a mastigação desde o início da I.A. Alimentos com alto risco de engasgo devem ser evitados nos primeiros anos, é claro.
Engasgo não, gag!
A nutricionista infantil Franciele Loss é uma das mais conhecidas fontes de informação sobre o assunto no Brasil. Em seu livro Nutrindo Meu Bebê (Much Editora) e na sua conta do Instagram @bebedenutri, ela aborda a introdução alimentar respeitosa, independente da forma que é feita. Um dos pontos que sempre frisa é sobre o engasgo. “Os estudos que compararam a introdução alimentar tradicional (com papinha) e em pedaços (de forma segura, orientada) não identificaram diferença significativa na ingestão de energia, ferro ou zinco, nem identificaram maior incidência de engasgos. Lembre-se que o que ocorre com maior frequência é o gag e isso é ótimo, pois é um mecanismo de defesa”.
Mas o que é o gag? É um reflexo protetor, é a forma que o corpo lida com pedaços que poderiam gerar engasgo real. Como diferenciar? “O engasgo é silencioso – o bebê não reage. Pode mudar de cor, ficar sem ar, precisa intervir. O gag é com ação (tosse, ânsia de vômito…) e o bebê resolve sozinho, sem precisar de ajuda”, explica Franciele em uma publicação.
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