Conheça o turismo cinematográfico e dicas de locais a serem visitados.
Uma pesquisa do Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC, na sigla em inglês) revela que o turismo representa 10,4% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, constituindo movimentação de US$ 8,8 trilhões. Não é novidade que o turismo impulsiona a economia, mas é curioso como isso ocorre: o cinema é um dos grandes responsáveis pelo fortalecimento do setor.
Ao assistir a um filme, é comum nos depararmos com lugares existentes fora das telinhas. Afinal, o cinema vai muito além de cenas feitas por meio do chroma key — a famosa tela usada no universo audiovisual para ser substituída por outra imagem.
Exemplo do turismo real de cinema é a Estação King’s Cross – conhecida pelos filmes de Harry Potter – e sua plataforma 9 ¾. Diversos turistas que passeiam pela capital da Inglaterra incluem o lugar em seus roteiros. Segundo pesquisa realizada pela Argent, disponível no site da estação, 176 milhões de pessoas passam por lá anualmente. Muito disso se deve ao fato de o local ter aparecido nos filmes do bruxinho.
Paris
Em Paris, é possível encontrar diversas locações cinematográficas como as vistas nos filmes “Meia-Noite em Paris”, “O Código da Vinci” e o “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain”. Esses lugares atraem muitos turistas anualmente.
“É como se eles fossem os atores principais do filme da vida deles. Estão no ponto em Paris, no monumento onde foi gravado o filme”, conta Sammya Cury, guia turística em Paris e responsável pelo blog “Simplesmente Paris”. A guia ainda indica que o tour mais escolhido é o do filme “Meia-Noite em Paris”, de Woody Allen.
Momento de alívio
Com a pandemia da Covid-19, estamos impossibilitados de realizar viagens, mas esta matéria nos conduz a esses cenários por meio da imaginação, uma forma de aliviar o momento de distanciamento.
A professora Juliara Fonseca afirma que “por um lado, as pessoas estão ficando mais tempo em casa e, por essa razão, acabam assistindo mais a filmes, séries ou telenovelas e, consequentemente, vão criando imaginários acerca de experiências que podem ser vivenciadas em determinadas localidades”.
Com a chegada de uma solução médica para o coronavírus, a possibilidade de viajar volta, aos poucos, a ser uma realidade, e o turismo cinematográfico poderá ser realizado. Com meses de isolamento, muito obtiveram conforto em produções cinematográficas. Assim, poder conhecer as suas locações se torna uma experiência gratificante.
A indústria norte-americana
Impossível falar de turismo cinematográfico sem citar os Estados Unidos. O país, que conta com inúmeras produções cinematográficas, naturalmente lucra com esse tipo de turismo.
A cidade de Nova York recebe anualmente cerca de 65 milhões de turistas, segundo informações da NYC & Company. E dessa quantidade de visitantes anuais, muitos se espalham nas locações de filmes disponíveis na cidade.
Uma das mais famosas é a confeitaria Magnolia Bakery, que se tornou um império após aparecer nos filmes “Sex and The City”. Hoje, é um dos lugares no topo da lista dos visitantes e de roteiros no Youtube como “os 10 principais lugares que você deve visitar se gosta de Sex and The City”. A confeitaria conta com 200 franquias ao redor do mundo.
Com trilha sonora marcada pela música de Roy Orbison, “Oh, Pretty Woman”, “Uma Linda Mulher” conquistou uma legião de fãs desde o seu lançamento nos anos 90. Consequentemente, muitos querem poder trilhar os caminhos percorridos pelos personagens de Julia Roberts (Vivian Ward) e Richard Gere (Edward Lewis). O hotel em que estão hospedados é o Beverly Wilshire Hotel e fica localizado na Wilshire Boulevard.
Mas não se engane: a casa que abriga a ópera “La Traviata”, assistida pelo casal improvável, é na verdade o Museu de História Natural do Condado de Los Angeles. Coincidentemente, a mesma entrada foi usada como locação no filme Pearl Harbor, dessa vez para um hospital.
Movimentação da economia
Pouco conhecido, o chamado turismo cinematográfico é responsável por mobilizar uma grande parcela da renda do turismo. Segundo dados da Visit Britain Research, um terço dos entrevistados que já visitaram o Reino Unido disse que aproveitou o momento para conhecer a locação de uma produção de TV ou de um filme.
Ao pesquisar no Google, é possível encontrar diversos roteiros inspirados em filmes e até guias que se disponibilizam para realizar um tour inspirado nessas produções audiovisuais.
“Em países como Estados Unidos e Nova Zelândia, o setor do turismo já
criou ferramentas para se apropriar das produções audiovisuais de
modo a potencializar e amplificar o efeito no turismo”, conta Juliara Fonseca, que é também doutora em Estudos do Lazer.
Um desses instrumentos são os intitulados Film Commissions, que vão conduzir e ajudar produtores do meio a realizarem tais iniciativas audiovisuais em determinado território. Muitos países oferecem fundos encaminhados para essas produções. A África do Sul tem o National Film and Video Foundation (NFVF), que estimula a gravação de projetos de cinema em seu país.
Vantagens
O professor e mestre João Fernandes Neto, que integra o corpo docente da Universidade do Estado do Amazonas, na Escola Superior de Artes e Turismo, afirma que o turismo cinematográfico é de grande importância por ter redes muito próximas de maneiras diretas e indiretas. Diretamente, é possível encontrar equipes geralmente compostas por muitos integrantes (de gravação, por exemplo).
“A cadeia indireta corresponde aos serviços que serão beneficiados após a vinculação desses filmes institucionais, séries e novelas. Pensar a geração de lucro no turismo cinematográfico é possibilitar a ampliação de emprego direto e indireto, potencializando a renda daquele lugar”, relata.
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