O ano de 2020 chegou. Se a previsão era que uma a cada quatro pessoas teria câncer, sabemos que em 2050 metade da população será contemplada.
Falamos de fatores de risco desde os relatórios secretos da indústria do tabaco em 1963. O tabagismo é responsável por 20% das mortes no mundo e 16 tipos de cânceres. Em 2030, serão 8 milhões de histórias desperdiçadas pelo vício. É a dose diária de vida perdida, comprada em qualquer esquina.
Países desenvolvidos já nos ensinaram sobre obesidade. O aumento de 75% de obesos em sua população fez com que crescesse a incidência de câncer de mama, intestino, pâncreas, esôfago e endométrio nos últimos 10 anos.
O sedentarismo, apesar de ser causa e consequência da obesidade, é considerado fator de risco. A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda 150 minutos semanais de atividade física. São 30 minutos diários de segunda a sexta-feira, uma conta fácil de fazer, mas uma ação tão difícil de realizar.
Em um Brasil agraciado pela diversidade e exuberância de recursos naturais, abundante em frutas, verduras, grãos, cores e flores, por que nossas dispensas estão recheadas de embutidos, enlatados e, pior, com a ajuda de nossas crianças, de saborosos salgadinhos sabidamente causadores de câncer?
Sabemos que a realização de mamografia melhorou a sobrevida pós câncer de mama em 21% das mulheres. Então, por que 18% das mulheres se nega a fazê-la e 28% falta às consultas?
Estamos negando a chance de ficarmos, pelo menos, mais 15 anos na presença de nossos filhos e netos? NÃO.
Tratamos de algo muito mais complexo do que INFORMAÇÃO? SIM.
A prevenção é a medida de maior impacto para a diminuição da mortalidade por câncer.
Entretanto, mais do que conscientização ou realização de exames, a prevenção é uma questão de ENGAJAMENTO. Eis o primeiro paradigma a ser quebrado.
Se não houver um redirecionamento disruptivo, organizado e consciente, em que a herança de hábitos comportamentais da quarta revolução industrial sejam quebradas, seremos todos sacrificados pela “força do hábito”.
No epicentro da Prevenção está a humanização, potencializada pela tecnologia, permitindo a CONEXÃO, a comunicação e o compartilhamento, principalmente de sentimentos e de ATITUDES.
Apenas atitudes coerentes e posturas proativas tornarão possível a reconfiguração de CRENÇAS, permitindo a experiência da nossa melhor versão, o SER mais próximo de seu potencial, através de melhores ESCOLHAS. E isso, somente isso, mudará a evolução natural do câncer.
Você está pronto?
Adriana Brasil é médica cirurgiã de cabeça e pescoço, e fundadora da Associação Ilumina.
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