Passei muito tempo da minha vida acreditando na ideia de que talento só existe no campo artístico. Sempre associei talento a coisas grandiosas ou a cantores, jogadores de futebol e atores. Claro, todos eles têm muito talento no que fazem, não à toa inspiram tanta gente ao redor do mundo, mas para mim foi libertador quando descobri que todos nós que habitamos esse planeta, sem exceção, temos os nossos talentos.
Mas afinal, o que é talento? De uma maneira bem prática e objetiva, talento é aquilo que fazemos com naturalidade e prazer. Você já notou que tem algo que faz com imensa facilidade, por isso mesmo até acha aquilo sem importância? Esta é uma das características dos talentos: sempre podem ser aprimorados, mas também são feitos de forma natural. Precisamos dar mais valor a ele e, ao descobri-lo, nos aproximamos do nosso propósito, palavrinha tão na moda que hoje é sinônimo de uma vida com mais sentido. Aliás, quem não quer encontrar prazer no que faz? Olhar para os nossos talentos talvez seja o primeiro passo nesta direção.
Nos últimos seis meses tive a oportunidade de entrevistar muita gente das várias áreas do conhecimento. Pessoas que se reinventaram na vida, que superaram traumas, estudiosos da psique humana, entre outros. Todo o material está disponível no podcast “45 Do Primeiro Tempo”, programa que apresento semanalmente na Rádio Jovem Pan. Lá estão dicas e caminhos, sempre com histórias reais e bons exemplos.
Nesta minha primeira coluna na Trinova Press gostaria de trazer algumas observações pinçadas desse universo tão rico de conversas. A primeira delas é que não há talento maior ou menor. O problema é que às vezes encontramos dificuldades em enxergar e reconhecer nossos talentos e outras vezes não acreditamos que essas habilidades (sejam quais forem) poderão nos levar muito longe em um mundo que parece exigir garantias demais.
Ouvi de um dos entrevistados a seguinte expressão: “A fruta sempre cai próxima ao pé”. O que ele quis dizer com isso? Que as habilidades e os interesses (onde está a nossa zona de força, a capacidade de mobilização) não são necessariamente a nossa atividade atual em si, mas são coisas normalmente próximas ao que nós já fazemos ou vivemos. Transferindo isso para minha vida encontrei uma resposta no meu atual momento que compartilho com vocês. O meu talento sempre foi a comunicação (fruta sempre cai próxima ao pé). Trabalho com jornalismo desde os 15 anos, mas, cansado de atuar no jornalismo político já há alguns anos, resolvi dar um tempo na minha carreira. Passados pouco mais de um ano, continuo no jornalismo, mas hoje falo sobre desenvolvimento humano e transição de carreira, assuntos completamente diferentes daquele que atuava até então. Me considero feliz com a minha atividade atual. Conseguem notar? Dentro do meu talento, encontrei uma resposta.
O legal de tudo isso é que você também pode encontrar o seu talento. Ele está mais próximo do que você imagina.
Patrick Santos é jornalista, comunicador e escritor. Trabalhou durante 24 anos na Jovem Pan. Atualmente, ele apresenta o podcast “45 do Primeiro Tempo”
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