A arte que transcende o olhar e toca o interior
Uma viagem pelas obras do artista piracicabano Bettiol. Com um trabalho que se expressa por meio de cores vibrantes e formas distorcidas, suas pinturas captam o viés psicológico das relações humanas e os conflitos da mente
No mundo da decoração e do design de interiores, as obras de arte ocupam um lugar central, proporcionando uma conexão profunda entre o espaço e as emoções humanas. Muito além de decorar, as peças artísticas podem ser um veículo de autoconhecimento e transformação pessoal, uma conexão com suas memórias, sentimentos e visão de mundo.
É nesse contexto que o trabalho do artista Claudinei Bettiol se destaca. Nascido em Piracicaba, São Paulo, Bettiol é uma das potências da arte contemporânea da cidade e iniciou sua jornada artística ainda na infância, aos sete anos de idade, influenciado por seu tio, um artista plástico e letreiro, pintando os muros da cidade. Essa experiência inicial moldou sua sensibilidade para as formas e cores, que viriam a ser as marcas registradas de sua carreira.
Uma trajetória marcada pelas cores da alma
Depois da experiência com o tio, a sua formação artística se intensificou aos 13 anos estudando desenho artístico e anatomia humana com o artista Marcos Cavallari. Também explorou cartum e história em quadrinhos, publicando trabalhos na imprensa local. Paralelamente, desenvolveu sua paixão pela música até os 18 anos, sendo essencial em seu processo criativo ao facilitar o acesso aos seus conteúdos internos.
Foi a partir de 1999 que sua paixão pela pintura se consolidou e Bettiol começou a explorar de maneira intensa o uso das cores em suas obras. As telas em acrílica sobre tela, que marcam sua produção, são um reflexo do viés psicológico das relações humanas. O artista busca iluminar as sombras do inconsciente, oferecendo ao observador uma experiência de introspecção e autoconhecimento.
“Os estudos de história da arte, composição e leitura de imagens me levaram a trocar as artes gráficas pela pintura, tendo como foco principal a ressignificação de emoções contidas e não trabalhadas, além dos meus registros pessoal e social. Esse tem sido meu caminho como artista”, compartilha.
A arte como espelho da alma humana
Bettiol define sua arte como uma tentativa de explorar as dualidades e os vazios que permeiam a existência humana. As sombras arquetípicas de suas pinturas são reflexos do vazio existencial que todos enfrentam. Em suas obras, Bettiol utiliza cores vibrantes e formas distorcidas para representar o conflito entre o mundo material e o espiritual, convidando o espectador a uma jornada de autopercepção e, possivelmente, a um momento de revelação interior.
“Penso que o objetivo maior da arte seja auxiliar o indivíduo na busca por atitudes mais conscientes e responsáveis; talvez retirar o véu preconceituoso e reducionista que encobre nossas visões e, em última instância, trazer luz para a escuridão limitante em nossas mentes”, defende.
Uma vida dedicada em compreender as dores humanas
A formação de Bettiol vai muito além da arte. Ele também é psicólogo, com especializações em Logoterapia e Análise Existencial, Arteterapia, em Psicologia Clínica e também em Saúde Mental e Atenção Psicossocial. Atualmente está cursando licenciatura em Sociologia. “Com o passar dos anos, o fazer artístico me trouxe maior interesse no material humano e em suas nuances, suas emoções, vivências e desejos. Com isso, a arte me levou à Psicologia e ao trabalho humanizado e interessado nas dores da alma”, destaca Bettiol.
O artista já participou de mais de 40 exposições, coletivas e individuais, com destaque para a 1ª Exposição de Arte Integral em Sonoma, Califórnia, em 2015. Contribuiu com cartuns para o livro “Os Quinze de Piracicaba” em 2003 e foi o responsável pelas artes do encarte do álbum “Tetraldas”, lançado em 2017 no Casarão do Marquês, Piracicaba. No mesmo ano, suas ilustrações integraram o livro “Empreenda com Menos”, lançado nacionalmente pela Alta Books.
Atualmente ele está produzindo novas telas para a sua próxima mostra em Piracicaba, que será no Museu Histórico e Pedagógico Prudente de Moraes, em 2025, um dos espaços culturais importantes de sua cidade natal. A obra de Bettiol é um convite à reflexão, à conexão com as emoções mais profundas e à possibilidade de ver o mundo sob novas perspectivas.
Olho:“Penso que o objetivo maior da arte seja auxiliar o indivíduo na busca por atitudes mais conscientes e responsáveis; talvez retirar o véu preconceituoso e reducionista que encobre nossas visões e, em última instância, trazer luz para a escuridão limitante em nossas mentes”, Bettiol.
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