EVANDRO PIEDADE DO AMARAL: SUPERANDO DESAFIOS E CONSTRUINDO UM LEGADO INSPIRADOR – UMA ENTREVISTA EXCLUSIVA

A Trinova mergulha na incrível jornada do empresário e visionário Evandro Piedade do Amaral. Muito além dos negócios, uma trajetória de superações e conquistas e que vai inspirar você a ter uma nova postura frente aos desafios

Um empresário respeitado no setor sucroalcooleiro à frente da empresa Agrican Agropecuária Ltda. Um gestor que faz a diferença na presidência do Conselho de Administração da instituição financeira Cooperativa de Crédito Sicoob Cocre e que já passou pela diretoria da Cooperativa dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo (Coplacana) e do Hospital dos Fornecedores de Cana de Piracicaba. Evandro Piedade do Amaral é reconhecido pela sua história bem-sucedida no mundo dos negócios.

Mas, poucos sabem que a sua trajetória é um testemunho de resiliência, disciplina e visão estratégica, por muitos desafios pessoais enfrentados e superados ao longo da vida.

Visualizar objetivos, mentalizá-los e trabalhar incansavelmente para alcançá-los são princípios que regem minha vida

Evandro recebeu a equipe da Trinova em seu escritório. Em uma boa conversa, com mais de três horas, revelou histórias de vida, valores que não abre mão, as lições paternas, seu compromisso em honrar as dívidas da empresa do pai e reconquistar um patrimônio perdido. São tantos fatos interessantes que daria um bom livro!

Por isso, a Trinova traz um pouco dos momentos marcantes da trajetória de Evandro, convidando você a se inspirar e trilhar seu caminho enfrentando os desafios com determinação, foco na solução, planejamento e muito trabalho.

Legado familiar: amor, respeito e muitas lições aprendidas

Evandro é filho de Accacio e Luzia Piedade do Amaral. Seu pai teve uma carreira muito bem-sucedida no setor financeiro vindo para Piracicaba para ser gerente de uma agência bancária. Cursou Direito aos 40 anos e decidiu empreender durante sua carreira bancária. Foi sócio de concessionárias de veículos na cidade, mas seu maior sonho era retornar às raízes rurais e mudou o foco do seu empreendimento adquirindo terras em Anhembi (SP), onde deu início ao cultivo de cana-de-açúcar, marcando a entrada de Evandro na empresa, ainda na adolescência. “Eu queria trabalhar e fui ser office boy, fazendo os serviços de banco para meu pai”, lembra.

Ao concluir o segundo grau, Evandro estava resistente em prosseguir com os estudos e fazer uma faculdade. “Eu era jovem, cheio de energia para trabalhar e acreditava que, aprendendo com a experiência do meu pai, já seria suficiente para progredir nos negócios”. Porém, Accacio foi contundente e o impôs uma condição de que só continuaria na empresa se fizesse um curso superior. “Então cedi à sua determinação e cursei a faculdade de Química à noite para poder trabalhar durante o dia”.

Fase mais difícil de sua vida
A empresa estava indo bem, enquanto o pai se dedicava mais no plantio e colheita, Evandro gerenciava a área administrativa. Com isso, Accacio montou uma microdestilaria para produção de etanol e aguardente com o incentivo do Programa Proálcool, da época, para expandir os negócios. Contudo, na década de 1990, a redução do preço do petróleo levou os fabricantes de veículos voltarem a priorizar carros à gasolina, impactando diretamente na empresa.

Essa circunstância levou seu pai a acumular dívidas, mas mesmo enfrentando dificuldades financeiras, optou por manter a empresa para cumprir com seus compromissos e Evandro permaneceu ao lado do pai nessa decisão. Foram 10 anos juntos de muitos desafios, trabalhando somente para tentar pagar as contas e as dívidas que só aumentavam. De 1 mil hectares plantados, a área foi reduzida para 70 hectares, passando de 93.000 toneladas de produção para apenas 3 mil. Seu pai perdeu todo o patrimônio de 45 anos de trabalho.

A reviravolta na vida de Evandro intensificou-se com a doença e o falecimento de seu pai. A responsabilidade recaiu sobre o empresário, que, aos 30 anos e com um filho para criar, assumiu os desafios com uma determinação inabalável. As palavras do pai, enfatizando honestidade e o cumprimento de compromissos, tornaram-se seus guias. Ficou com as dívidas e 43 processos jurídicos para quitar.

Propósito e missão
O sonho do seu pai era se aposentar, comprar um apartamento no Guarujá e levar sua mãe para visitar a Europa. “Ele se aposentou no banco, mas as dívidas da empresa o impediram de parar de trabalhar a tempo de realizar seus sonhos. Quando assumi, minha primeira decisão foi estabelecer uma meta de longo prazo e trabalhar muito na juventude, com boa saúde, para não precisar trabalhar tanto velhice”, recorda.

Uma inspiração que o ajudou a seguir nesta decisão foi uma frase do escritor norte-americano John Maxwell: “Se eu preferir pagar o preço dos meus sonhos agora, vou desfrutar suas recompensas mais tarde. No entanto, se eu preferir divertir-me agora, talvez não tenha a oportunidade de receber a recompensa mais tarde. Estarei ocupado demais pagando o preço”. Ao ler em um informativo, ele recortou a frase e guardou em sua carteira por 20 anos.

Seu objetivo era pagar todas as dívidas e encerrar a empresa do pai. A estratégia foi aumentar a produção e renegociar com os credores. Para a primeira meta, com a cara e a coragem, foi até a antiga Cosan, hoje Raízen, pedir apoio financeiro para expandir as áreas produtivas. “Fui de peito aberto, fiz a proposta, dei minha palavra e eles aceitaram. Arrendei uma área ao lado da nossa propriedade e fui trabalhar no campo, fazendo as atividades operacionais, do plantio à colheita”.

Também foi renegociar os empréstimos nos bancos e com a venda do antigo apartamento do pai conseguiu quitar algumas dívidas e os 27 processos trabalhistas. Foram após oitos anos de trabalho árduo, se dividindo em muitas atividades, que Evandro conseguiu finalizar os 43 processos e encerrou seu propósito com êxito.

A virada – do desafio à propriedade com a teoria dos três Gs
O que podia parecer impossível aos olhos de outra pessoa, Evandro sempre teve a convicção de que recuperaria o patrimônio honrando a vida de seu pai. Sozinho, diante de tantos desafios e compromissos diários na empresa, o ponto da virada, segundo o empresário, foi criar um método de organização e planejamento. “Não podia perder tempo, então tudo tinha que estar em seu lugar, desde equipamentos, materiais, até a caneta que usava. Outra meta que estabeleci foi cumprir diariamente todas as tarefas programadas. Esse princípio sigo até hoje. Aproveitar o tempo e evitar retrabalhos. A frase ‘amanhã eu faço’, não faz sentido para mim”, compartilha.

Outro enfoque foi aprimorar a excelência do produto com custos reduzidos. Evandro sempre se dedicou intensamente ao estudo de técnicas de produtividade na cana-de-açúcar, buscando melhorar a performance e garantir a qualidade da safra. Nessa estratégia, desenvolveu um método para aumentar a produção com menor custo, garantindo rentabilidade para investimentos e expansão. “Um dos pontos importantes sempre foi o treinamento da equipe. Explico como realizar cada atividade e porque é importante seguir a orientação. A tarefa passa a fazer sentido para eles e os resultados acontecem”.

Com maior rentabilidade, Evandro começa a investir em equipamentos e na expansão dos negócios iniciando também a produção de soja, que partiu dos 70 hectares cultivados e hoje soma 4 mil hectares de produção.

Para seu método de empreender, aplicado desde sempre, ele deu o nome de “teoria dos três Gs”: ganhar, guardar e gastar dinheiro durante o processo e não após a aposentadoria como seu pai sonhou. O ganhar está na rentabilidade das safras e expansão da produção, o guardar nos investimentos em seu patrimônio e os gastos são, na verdade, momentos para desfrutar das conquistas, principalmente em viagens, que sempre fez ao lado de sua esposa Olívia e filhos. “Visualizar objetivos, mentalizá-los e trabalhar incansavelmente para alcançá-los são princípios que regem minha vida. Como exemplo, mantive uma máquina em miniatura que queria adquirir para o processo produtivo da empresa em uma prateleira do meu escritório para me manter sempre focado”, revela.

Realização e a chegada da Sicoob Cocre em sua vida
Em 2017, duas décadas depois, já tinha conquistado a estabilidade desejada. “Naquele momento eu estava realizado, mas ao mesmo tempo sentia que precisava de um novo objetivo em que pudesse compartilhar toda a minha experiência de vida.”

Neste mesmo ano, veio o convite para ser presidente da cooperativa de crédito Sicoob Cocre. “Para a minha surpresa, o pré-requisito para assumir a função era ter um curso superior completo. No momento que ouvi aquilo, vi a imagem do meu pai e, na memória, o inegociável direcionamento dele para que eu não parasse de estudar”, relembra.

Antes de aceitar o convite, Evandro contou que primeiro foi conversar com a sua esposa. “Era importante para mim ter a opinião e o consentimento dela, afinal ia mudar a nossa rotina e somos parceiros nessas decisões. Expliquei da dedicação que teria no novo desafio e a volta de um ritmo de trabalho mais intenso. Fiquei feliz com seu apoio imediato. Ela só me pediu para que pudéssemos aproveitar o tempo livre com mais viagens”, brinca.

Evandro mergulhou nos estudos e foram mais de 50 cursos na área. Assumiu a presidência em junho de 2017, um mês após o falecimento de sua mãe. “Eu ia à casa dela todos os dias para tomar café. E em vida pude realizar o sonho do meu pai e proporcionar a ela a viagem para a Europa. Viajou para lá várias vezes”.

A Cocre trouxe novos desafios e um propósito renovado para o empresário. Já são quase sete anos de gestão e muitas mudanças implementadas, desde a formação de um time de executivos experientes e funcionários comprometidos, além de um investimento em plano de carreira e ambiente agradável de trabalho que resultaram em conquistas na pesquisa Great Place To Work (GPTW), com o título de melhor cooperativa de crédito para se trabalhar no Brasil, 4ª colocação entre as 100 melhores empresas do estado de São Paulo e a 8º Melhor Empresa para trabalhar no país.

Nos negócios, a Cocre quadruplicou seus resultados nos últimos 6 anos, aumentando de 14 para 26 agências em 21 municípios, e de 14 mil para 28 mil associados. A cooperativa também faz um trabalho lindo junto à comunidade, contribuindo para o desenvolvimento das empresas e a melhor qualidade de vida das pessoas.

Uma jornada de premiações

Por falar de conquistas, Evandro sempre buscou ser reconhecido pelo trabalho que faz. Essa postura começou na infância quando a natação lhe trouxe o ensinamento de que tudo depende da sua dedicação se quiser vencer na vida. E foram várias conquistas no esporte: pentacampeão paulista, recordista paulista e vice-campeão brasileiro.

Na Agrican também foram muitos reconhecimentos pela excelência da empresa. Entre tantos prêmios, vale destacar que durante uma década foi reconhecido anualmente com o Prêmio Cultivar da Raízen, pela melhor qualidade e produtividade na produção e colheita de cana-de-açúcar, além das 7 premiações como menor impureza mineral na entrega de cana nas safras 2022 e 2023. No ano de 2023 também foi diplomado pelo Comitê Estratégico Soja Brasil (CESB) como a 6ª maior produtividade nacional e a 4ª maior do estado no plantio de soja.

“Acredito muito na lei da reciprocidade. Faça o seu melhor, aja sempre de maneira correta, respeite as pessoas, valorize seus pais e sua família, pague seus impostos, seja honesto e transparente cumprindo o que promete e trabalhe muito. Não tem como dar errado, é a lei da vida”, completa.

Os prêmios profissionais, troféus, suas miniaturas de veículos, foto dos seus três filhos, foto da sua esposa Olívia e até as medalhas da natação hoje decoram o seu escritório em Piracicaba. E sabe o que também tem um lugar especial por lá? A frase de John Maxwell, aquela recortada da revista como inspiração que agora está emoldurada e junto com as outras premiações, objetos e memórias, que refletem a jornada de vida de Evandro, cheia de desafios e conquistas, aproveitando todas as oportunidades.