ONDE MORA A LONGEVIDADE?

por | 5 jul, 2022 | 0 Comentários

CIENTISTA MAYANA ZATZ LANÇA LIVRO EM PARCERIA COM A JORNALISTA MARTHA SAN JUAN FRANÇA QUE DESTACA CARACTERÍSTICAS DE PESSOAS QUE PASSARAM DOS 80 ANOS E SE MANTÉM SAUDÁVEIS E ATIVAS

A professora titular de genética e coordenadora do Centro de Pesquisas sobre o Genoma Humano e Células-Tronco da Universidade de São Paulo (USP), Mayana Zatz, 75 anos, lançou recentemente o livro “O Legado dos Genes: o que
a ciência pode nos ensinar sobre o envelhecimento” em parceria a jornalista Martha San Juan França.
Baseado no projeto 80+ (que vem coletando amostras de sangue de pessoas saudáveis com mais de 80 anos para investigar o DNA de cada um deles), a geneticista teve a ideia de contar histórias sobre os octogenários, nonagenários e até alguns centenários que impressionam pela agilidade mental, disposição e capacidade de inspirar os mais jovens.

No livro, as autoras apresentam, de modo simples e acessível, pesquisas científicas sobre o envelhecimento na área da genética, concluindo que, embora ajude cada vez mais a prever ou a prevenir problemas futuros, ela não determina
totalmente o destino das pessoas. “Hoje já sabemos que para um indivíduo envelhecer bem, o ambiente é responsável por 80% e a genética por 20%”, destaca Mayana Zatz, em entrevista para a revista Trinova.
Mayana contou que durante as conversas com os entrevistados ficou claro que a maioria tem o que os franceses chamam de joie de vivre, ou seja, a alegria de viver. “São pessoas otimistas, de bem com a vida”, destaca a pesquisadora.

Mayana Zatz, professora titular de genética e coordenadora do Centro de Pesquisas sobre o Genoma Humano e Células-Tronco da Universidade de São Paulo (USP)

A cientista conta ainda que os padrões de envelhecimento vão além do nosso patrimônio genético. “Fatores histórico-culturais, sociais, emoções e sentimentos fazem a experiência do envelhecer diversa e heterogênea, e devem ser levados em conta nessa jornada para uma vida mais longeva e feliz”, diz.
Outro ponto levantado que também está presente no livro é sobre se manter ativo. Mayana, que aos 75 anos esbanja longevidade e beleza, relatou que na sua rotina diária caminha pelo menos cinco quilômetros logo pela manhã. “Todos nós devemos fazer alguma atividade física para ter saúde. Ser sedentário pode causar obesidade, hipertensão e muitas outras doenças. Claro que, além disso, é importante cuidar da alimentação, ter hobbies, dormir bem, gerenciar o estresse e cuidar da saúde mental. Mas manter-se ativo é fundamental”, diz

A lista de entrevistados conta com pessoas que atuam em diferentes profissões como artistas, escritores e jornalistas. Dentre eles estão o físico José Goldemberg, 93 anos, e a atriz Beatriz Segall (falecida em 2018 aos 92). “Todas as entrevistas foram muito inspiradoras. E se considerarmos que cada vez mais teremos mais octogenários, nonagenários e centenários, essas entrevistas trazem informações importantes para seguirmos estudando a longevidade”, completa.


COMO OS IDOSOS REAGIRAM A COVID?
Os estudos não param e Mayana segue agora estudando nonagenários e centenários que resistiram à Covid-19. “Coletamos amostras de sangue de 95 nonagenários e de 15 centenários que resistiram à Covid-19. Tiveram formas leves ou superaram. Eles têm variantes genéticas de resistência e brinco que resistem a qualquer desafio, inclusive a Covid-19. Essa experiência está nos dando a oportunidade de conhecer pessoas incríveis”, destaca. Durante a entrevista ela relatou que estava indo para Brasília entrevistar um senhor de 106 anos ativo e saudável.

BANCO DE DADOS DE GENOMAS DE IDOSOS BRASILEIROS
Mayana também atuou na pesquisa que sequenciou o genoma de 1.171 brasileiros não aparentados, com média de idade de 72 anos, e identificaram 77 milhões de mutações genéticas, das quais 2 milhões delas estavam ausentes em bancos de dados internacionais.
“Chegamos à conclusão que precisávamos ter um banco genômico da nossa população. Resolvemos focar em idosos. A criação de um banco genômico brasileiro já era vista como uma necessidade pelos cientistas, pois a população do País, até então, não estava representada nos bancos de dados internacionais.
Ela conta ainda que o grupo focou em estudar idosos porque uma das metas era avaliar a incidência de doenças associadas ao envelhecimento, como Mal de Parkinson, Alzheimer, hipertensão e câncer”, relata Mayana.

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