QUE TAL MERGULHAR NA HISTÓRIA DOS MÓVEIS?

por | 9 dez, 2021 | 0 Comentários

OS PRIMEIROS MÓVEIS FORAM FEITOS DE PEDRA. DE LÁ PARA CÁ MUITA COISA MUDOU, EVOLUIU, MAS ALGO QUE SEGUE ATÉ HOJE É QUE OS MÓVEIS SURGIRAM PARA TRAZER ACOLHIMENTO E BEMESTAR ÀS PESSOAS

Já parou para pensar que a evolução da mobília pode ajudar a entender as transformações no estilo e nos hábitos das famílias e de uma sociedade? Como eram os móveis da sua mãe? Dos seus avós ou bisavós?
Muito diferentes dos seus? Os móveis são como roupas que traduzem aspectos comportamentais e refletem períodos históricos. Além disso, ajudam a contar e eternizar parte da história de um povo. Para se ter ideia da importância disso, a marcenaria é uma das primeiras manifestações de arte da nossa humanidade.
A Trinova foi atrás da história dos móveis e descobriu que tudo começou quando o homem deixou de ser nômade, ou
seja, a partir do momento em que as pessoas passaram a ter uma habitação fixa.
Vale aqui destacar que os móveis foram evoluindo ao lado das necessidades humanas, a capacidade técnica e a sua sensibilidade estética. Deste modo, a sua caracterização varia muito de acordo com a região e a época, podendo-se fazer uma divisão por períodos ou estilos, que se inserem mais ou menos dentro dos grandes movimentos da história da arte.


Só para citar alguns exemplos: cadeiras, mesas e camas, que surgiram no começo da história dos móveis, nos acompanham até hoje. Mas, por exemplo, uma peça muito usada no século XIX, as cadeiras sanitárias, precursoras do vaso sanitário, perderam a função. Esse tipo de peça era utilizado nos quartos até a instalação de sistemas de canalização de esgoto.


MAS COMO SERÁ QUE TUDO COMEÇOU?

Casas de Pedra – crédito divulgação


Muito provavelmente os primeiros móveis foram construídos no Reino Unido, em Skara Brae, que é uma pção em pedra, datada do período final do neolítico 3100 a 2500 a.c. Para se ter uma ideia da inovação, o vilarejo, de 5 mil anos, tinha casas com isolamento térmico e móveis embutidos de pedra. Dentre eles: prateleiras, armários,
cômodas, arcas, além de camas que seriam forradas com peles de animais e plantas.
Uma curiosidade é que a cômoda de pedra era considerada como a mais importante relíquia de uma casa, já que, simbolicamente, estava de frente para a entrada de cada residência, e, portanto, o primeiro item visto ao entrar.
Nessas casas de pedra já haviam até versões mais rudimentares de banheiros.

EGITO: FONTE DE INSPIRAÇÃO ATÉ OS DIAS ATUAIS

Cadeira grega

Você sabia que desde os tempos mais primórdios, os egípcios já utilizavam grande parte dos modelos de móveis que conhecemos hoje? Eles tinham cadeiras, bancos, camas e mesas. Muitos desenhos de móveis criados pelos povos egípcios nos acompanham até os dias atuais.
Para se ter ideia do luxo nos móveis, os tronos e cadeiras cerimoniais eram revestidos a ouro ou prata. Já a mobília utilitária, do dia a dia, possuía pouco acabamento, permanecendo com a cor natural da madeira. O interessante é que, mesmo há mil anos atrás, os artesãos egípcios já conheciam sistemas de encaixes para madeira. Para complementar, a decoração egípcia era feita com pedras preciosas, ouro, prata, ébano, marfim, vidro e cerâmica.


CADEIRA E MESAS ERAM OS MÓVEIS MAIS USADOS PELOS GREGOS
O que se sabe sobre os móveis gregos foi obtido, na maior parte, por meio da cerâmica e dos baixos-relevos, observando-se grande influência egípcia. As madeiras mais utilizadas foram o pinho e o cedro, mas, como os gregos tinham por hábito a vida mais ao ar livre que em recintos fechados, tanto a vida pública como a privada, utilizaram outros materiais mais resistentes para o mobiliário, tais como o bronze (trabalhado com repuxados e cinzelados), o granito e o mármore (geralmente lavrado). Na Grécia antiga, os móveis mais usados eram a cadeira, a mesa, a arca, a cama e o triclínio (sala de refeições dos antigos romanos, na qual havia três leitos inclinados, dispostos em volta de uma mesa).


VARIEDADES DE TIPOS NOS MÓVEIS ROMANOS

Exemplar de sofá romano que mais parece uma cama

O mobiliário romano é derivado do móvel grego, mas distingue-se pelo luxo e pelos materiais nobres, como o bronze e o mármore. Os romanos criaram alguns modelos, como a cadeira semi-circular e as mesas pequenas tripés, usadas para refeições.

Vale destacar que o vocabulário decorativo do mobiliário inclui os característicos pés com forma de patas de leão e também cariátides e outras figuras mitológicas que sustentam as pernas de mesas. Entre os móveis de assento, o Lectus (mobília romana semelhante a um divã) era um dos mais importantes, presente na maioria das casas romanas. Suas funções eram variadas: descanso, refeições e até bate-papo, utilizado como assento e repouso, sobretudo em cerimônias e banquetes. Confeccionado em madeira, tinha uma cabeceira desenhada com motivos decorativos em bronze, que servia como apoio para o braço quando estivesse recostado.


RENASCIMENTO
Nesta fase, os móveis passam a refletir a arquitetura da época em um dos períodos artísticos mais ricos da humanidade: o Renascimento. Esse foi o período das grandes navegações e da descoberta do novo mundo. A influência francesa fez aparecer formas maciças e construções mais retangulares, enquanto o uso da madeira passou a ser privilegiado e tudo era feito de maneira extremamente artesanal.

Lectus era um tipo de mobília romana, presente na maioria dos lares daquela civilização. O móvel tinha uma aparência semelhante a um divã, mas seu uso era outro. Era utilizado para deitar, descansar ou sentar em cerimônias,
banquetes, conversas e refeições. A cabeceira servia como apoio de braço ou de costas.

BARROCO E O ROCOCÓ

Nesse período, a arquitetura e a cultura francesas continuam a influenciar os móveis. Porém, agora os móveis eram
maiores, mais luxuosos e de madeiras mais escuras. Um detalhe interessante são os pés em forma de H ou X e os
pés em pata de leão, ainda muito bonitos e apreciados hoje em dia. A monarquia estava fortalecida e os móveis traduziam status de poder. O barroco foi seguido pelo estilo rococó, com muitos detalhes em ouro e a presença de cores mais claras.


NEOCLASSICISMO


No fim do século XVIII, uma série de descobertas arqueológicas influenciou o mobiliário nas formas greco-romanas.
Uma volta ao clássico, mas com um toque da produção industrial na marcenaria: era um estilo sem muita ornamentação, mais simples. Nessa época apareceu o uso do bronze.


ESTILO VITORIANO

Na Inglaterra, durante o reinado da Rainha Vitória (de 1837 a 1901) apareceu o estilo vitoriano. Os móveis passaram a
ser muito influenciados por motivos religiosos, geralmente exibindo uma madeira escura e valorizando bastante o conforto. Há muita riqueza nos detalhes, traduzindo a força da economia inglesa no período.


ART NOUVEAU


No final do século XIX surge a arquitetura Art Nouveau, estilo bem complexo, que praticamente deu início ao estilo moderno, tentando incorporar a criatividade aos móveis, usando materiais exóticos, componentes musicais e também ligados à natureza. Tem-se aqui uma volta ao estilo artesanal, com flores ou troncos de árvores talhados em
madeira ou vidro.


A HISTÓRIA DO MOBILIÁRIO NO BRASIL
Pelo Brasil ser uma colônia portuguesa, nosso mobiliário acabou sendo um desdobramento do mobiliário português.
Embora o material empregado fosse bem brasileiro, aqueles que trabalhavam com ele foram sempre portugueses, filhos de Portugal ou, quando nascidos no Brasil, de descendência portuguesa ou então mestiça.
As “modas”, todas elas importadas, atingiam as camadas mais abastadas em primeiro lugar, sendo depois vulgarizadas com a produção dos mesmos modelos de móveis no tipo “ordinário” ou comum. No período colonial, havia, na prática, três tipos de móveis: os de “luxo”, feitos com madeiras de lei; os chamados na época “ordinários”, também feitos de madeira de lei, mas menos aparatosos; e os “toscos”, feitos em madeira comum para uso popular ou serviço doméstico.


MOBILIÁRIO CONTEMPORÂNEO
O mobiliário contemporâneo é herança do movimento modernista, uma revolução cultural, que influenciou tanto as
artes quanto o design. O conceito ‘menos é mais’ e a busca por linhas puras que culminam em uma estética minimalista.
Ele absorve estes conceitos e inclui uma nova perspectiva: a da personalização do espaço. O mobiliário contemporâneo conta traços simples e sem muitos detalhes.

QUAL É O SEU ESTILO?
Muitos arquitetos dizem que o estilo de decoração é igual ao estilo de roupas, cada um tem o seu gosto pessoal, só precisa descobrir. Nesse conceito: vale seguir à risca um dos estilos, vale unir um ou mais referências, vale ousar nas combinações.
Com esse passeio pelas diferentes referências de móveis e suas histórias, o importante é que a escolha seja coerente com o que mais agradava quem irá habitar este lar, para desfrutar bons momentos.


MUSEU DA CASA BRASILEIRA
Você já visitou o Museu da Casa Brasileira (MCB), em São Paulo? O espaço promove uma verdadeira viagem pela história dos móveis no Brasil. Trata-se de uma instituição da Secretaria da Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, dedicada às questões da morada brasileira pelo viés da arquitetura e do design.
O MCB foi criado em 1970, como Museu do Mobiliário Artístico e Histórico Brasileiro, membro da rede de museus do Governo do Estado, vinculado à Secretaria da Cultura. Em 1972, ganhou sua sede definitiva, um Solar neoclássico, construído entre 1942 e 1945, originalmente para abrigar o ex-prefeito de São Paulo (1934-1938), Fábio da Silva Prado e sua esposa Renata Crespi Prado.
O casal morou na residência por 18 anos e a transformou em centro de grandes recepções oficiais. Após a morte de Fábio Prado, que não deixou herdeiros, Renata Crespi se mudou da casa, e, em 1968, doou o imóvel para a Fundação Padre Anchieta. Por sua vez, a Fundação cedeu o prédio em comodato à Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo.
Antes de visitar presencialmente o Museu da Casa Brasileira é possível fazer um passeio virtual pelos móveis que compõem o rico acervo. Os móveis trazem um levantamento minucioso de informações relacionadas aos hábitos da vida privada desde o século XVI no Brasil.

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