Rubens Ometto: a audácia de um homem que tem suas raízes em Piracicaba

por | 6 abr, 2020 | 0 Comentários

Um dos 60 homens mais poderosos do país e o 1.650º empresário mais rico do mundo.

Não apenas o Brasil, mas o Mundo, volta, hoje, os olhos para o arrojo e a audácia de um homem que tem as suas raízes plantadas em Piracicaba. Este homem é Rubens Ometto Silveira Mello – ou apenas Ometto, como é conhecido no meio empresarial – é um dos 60 homens mais poderosos do país e o 1.650º empresário mais rico do mundo. Ou seja, existem apenas 1.649 pessoas mais ricas que o piracicabano, segundo levantamento da Forbes de 2018. Ele é o primeiro no mundo a se tornar bilionário na indústria do etanol.

Rubens Ometto é dono do grupo Cosan, um gigante com capital aberto nas Bolsas de Valores de Nova York e de São Paulo e que fatura quase 50 bilhões de reais por ano. O grupo controla a Comgás, maior distribuidora de gás natural do Brasil, a Raízen, terceira maior rede de distribuição de combustíveis do país (em sociedade com a anglo-holandesa Shell), e a Rumo, maior operadora ferroviária da América Latina.

Severo, rígido, racionalista, determinado em suas opções e escolhas, Ometto ficou famoso por não temer se arriscar. O empresário construiu seu império de cana-de-açúcar assumindo o máximo de usinas rivais que podia. A ponto de “Binho”, como é conhecido pelos mais íntimos, transformar-se frequente alvo de especulações em torno da data inevitável em que iria falir. Ele nunca se deixou abater por esse tipo de desconfiança.

O filho de Piracicaba compreendeu e aceitou o modelo empresarial dos tempos de economia globalizada e, em pouco mais de uma década, transformou a Cosan em uma das maiores produtoras de álcool e açúcar no mundo, tornou-se o nome mais influente da indústria sucroalcooleira nacional e se transformou em um multiempresário, com negócios nas áreas de alimentos, comercialização de combustíveis, distribuição de gás e logística.

A Raízen, por exemplo, é a maior exportadora individual de açúcar no mercado internacional, com produção anual de cerca de 4 milhões de toneladas, e uma das cinco maiores empresas brasileiras em faturamento. A empresa é resultado de uma joint venture (empreendimento conjunto) que uniu parte dos negócios da Cosan e da Shell. As unidades de produção da Cosan foram passadas para o controle da nova empresa, que também assumiu os postos da marca Shell e Esso. A Raízen está entre os maiores produtores de etanol de cana-de-açúcar do mundo (com um volume anual de 2 bilhões de litros), emprega mais de 40 mil funcionários e tem escritórios administrativos em São Paulo, Rio de Janeiro e Piracicaba.

COMO TUDO COMEÇOU

Rubens Ometto é neto de Pedro Ometto, considerado o “rei do açúcar”. Imigrantes italianos, os Ometto chegaram a Piracicaba em 1887 e compraram terras de grandes extensões da região para a construção da Usina Costa Pinto. Na década de 1950, a filha de Pedro, Isaltina (Isa) e o marido, Celso Silveira Mello – pais de Rubens – assumiram o comando da usina. Junto da nova conquista veio o falecimento de Celso. Viúva e com quatro filhos, Isaltina se tornou a guardiã do negócio – que mais tarde foi assumido por Rubens.

A trajetória de sucesso de Rubens Ometto começou aos 17 anos. Quando a maioria de seus 20 primos almejava trabalhar nos canaviais da família plantados há gerações, Ometto foi para São Paulo com a ideia fixa de cursar engenharia. Passou no vestibular de Engenharia de Produção Mecânica na Escola Politécnica da USP, e não descansou enquanto amigos não o indicaram para uma vaga em alguma instituição financeira de grande porte. Um dos amigos conhecia um executivo do Unibanco, onde Ometto começou como estagiário, no início da década de 1970. Aos 21 anos ele foi nomeado assessor da diretoria do banco. Aos 23, teve um golpe de sorte. Em uma festa em família, sentou-se ao lado de José Ermírio de Moraes Filho (morto em 2001), do Grupo Votorantim, e a identificação foi imediata.

Ermírio convidou Ometto para trabalhar na Votorantim. Aos 24 anos, o jovem engenheiro já era diretor financeiro da empresa de Ermírio, o que muitos acreditam ser, pela precocidade, um recorde no universo empresarial brasileiro. Ometto ficou lá até os 30 anos.

Em seguida, ele assumiu o cargo de presidente do conselho da TAM Linhas Aéreas. Na TAM, entrou com uma missão clara dada por um tio, Orlando Ometto, que foi um dos fundadores da companhia aérea: demitir Rolim Amaro, executivo que estava começando a se destacar dentro da empresa. Ao conhecer Amaro, Rubens fez o tio mudar de ideia, Amaro permaneceu no grupo e comprou parte dele. Resultado: Rolim Amaro foi um dos grandes responsáveis por tornar a TAM em uma empresa gigante.

A carreira na Cosan veio na segunda metade dos anos 1980, quando Rubens Ometto assumiu a presidência. Hoje ele é Presidente do Conselho de Administração da empresa.

FUTURO

Aos 69 anos, Ometto é casado e tem duas filhas que não têm ambição de carreiras executivas na empresa, por isso o empresário decidiu começar a desenhar como será a Cosan sem ele e criou um modelo de partnership em que um seleto grupo de executivos se torna sócio da família Ometto e passará a aprovar decisões fundamentais no comando do grupo, como a escolha do presidente.

“Meu objetivo é definir uma continuidade para a empresa quando eu não estiver mais nela. Com esses executivos, sei que asseguro isso. Eu não gosto nem quero varar a noite em reuniões ou não controlar minha agenda”, disse Ometto em entrevista à Revista Exame.

“Em uma década fizemos uma revolução no grupo, que antes era basicamente formado por um negócio de açúcar e álcool e hoje é muito diversificado. Tem empresário que acha que fez tudo sozinho. Não é o meu caso. Se tenho um talento, é o de escolher a turma que está comigo e deixá-la trabalhar. Faço muitas cobranças e participo de decisões estratégicas, mas eu os deixo trabalhar e os escuto muito. Brinco que vou escrever um livro e dizer que tudo no grupo Cosan foi minuciosamente planejado e calculado por mim. É uma brincadeira, porque não foi nada disso”, completou.

O futuro, no caso de Rubens Ometto Silveira Mello, não é incerto. Assim como encaminhou sua trajetória desde jovem, ele transforma a ansiedade em planejamento e racionalidade para avançar nos negócios e manter o nome de Piracicaba em evidência entre os grandes polos empresariais do mundo.

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