Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora – Um gesto que transforma vidas

por | 4 abr, 2025 | 0 Comentários

Saiba como voluntários abrem as portas de seus lares para acolher temporariamente crianças e adolescentes afastados de suas famílias por medida protetiva. Os resultados são lindas histórias de afeto

No Brasil, milhares de crianças e adolescentes são afastados temporariamente de suas famílias devido a situações de risco e de vulnerabilidade. Quando isso acontece, elas precisam de um ambiente seguro para se desenvolverem enquanto sua situação familiar é avaliada.

Implementado pelo Poder Público em 1999, o Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora (SFA) garante a crianças e adolescentes um lar temporário e acolhedor. A iniciativa visa substituir a institucionalização priorizando o bem-estar infantil enquanto suas famílias recebem o suporte necessário para superar os desafios ou, em última instância, serem encaminhadas para adoção. 

Estudos mostram que crianças em lares temporários têm melhores índices de saúde mental, desempenho escolar e habilidades sociais. No entanto, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), apontou que em 2021, das 32 mil crianças acolhidas, apenas 4% estavam em famílias acolhedoras, enquanto a maioria permanecia em instituições.

Em Piracicaba, desde 2014, a Organização da Sociedade Civil (OSC) Pasca é a responsável por executar este serviço em parceria com o Poder Público, por meio da Secretaria Municipal de Assistência, Desenvolvimento Social e Família, comandado pela Secretária Municipal Fernanda Varandas. Desde o início, o maior desafio da OSC é justamente ampliar o número de famílias dispostas a oferecer um lar temporário. 

Mas o que é ser uma família acolhedora? A Trinova conversou com Patrícia Dutra, psicóloga e supervisora técnica da Pasca, e Jhenifer Eleutério, psicóloga e coordenadora da SFA, para entender mais sobre esse serviço.

Trinova – Qual a diferença entre família adotiva e família acolhedora?

Patrícia Dutra – A adoção é definitiva, quando a criança ou adolescente passa a fazer parte legalmente de uma nova família. Já o acolhimento é temporário e tem um papel fundamental no processo de proteção da criança, oferecendo um ambiente seguro e afetivo até que sua situação familiar seja resolvida. Tanto a família como a criança sabem que lá será uma permanência temporária de até 18 meses. 

Trinova – Como funciona a preparação para se tornar uma família acolhedora?

Jhenifer Eleutério – As famílias passam por um processo de seleção, formação e capacitação anual, onde são orientadas sobre o funcionamento do acolhimento, às necessidades das crianças e adolescentes e como lidar com os desafios dessa experiência. Durante todo o processo, elas recebem acompanhamento de uma equipe técnica, com contato semanal enquanto estiver acolhendo uma criança ou adolescente. 

Trinova – Existe um perfil ideal de família acolhedora?

Patrícia – Não existe um único perfil. O importante é que seja uma família disposta a oferecer um ambiente seguro, amoroso e estável. Casais, pessoas solteiras e diferentes configurações familiares podem se candidatar, desde que atendam aos critérios estabelecidos pelo serviço, que inclui residir em Piracicaba e não estar inscrito no cadastro de adoção. Além disso, é importante destacar que ao se cadastrar e passar pelo treinamento, as famílias podem escolher o perfil de criança e/ou adolescente gostaria de acolher e quando houver a possibilidade de uma criança se encaixar nesse perfil, ela poderá ser acolhida. 

Trinova – Quais são as principais dúvidas e receios das pessoas que muitas vezes as impedem de se tornarem uma família acolhedora?

Jhenifer – Muitas famílias têm receio de se apegar e depois precisar se despedir da criança ou adolescente. Esse é um medo legítimo, mas o mais importante é entender que o acolhimento tem um impacto transformador. Muitas famílias acolhedoras relatam que, mesmo após a despedida, mantêm contato e criam laços para a vida toda.

Trinova – Quais são as maiores recompensas desse trabalho?

Patrícia – Ver o impacto positivo na vida da criança ou adolescente é algo indescritível. Muitas vezes, elas chegam assustadas e retraídas, mas com o tempo, começam a confiar, a sorrir e a se desenvolver. Além disso, o acolhimento cria vínculos fortes – há muitas histórias de famílias que continuam presentes na vida das crianças mesmo depois do término do acolhimento.

Como se tornar uma família acolhedora?

Os interessados devem entrar em contato com o serviço por meio do telefone (19) 99341-3852 ou no e-mail: familiaacolhedora@pasca.org.br para receber mais informações e iniciar o processo de cadastro. 

Ser uma família acolhedora é mais do que um ato de solidariedade – é a chance de transformar vidas e oferecer esperança a quem mais precisa.

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