As tendências apontadas pelo Salão Internacional de Alta Relojoaria de Genebra.
Quando foi que você parou de ver as horas no relógio, e passou a olhar para o celular? Há algum tempo, a relojoaria tem perdido seu espaço de “informadora de horas”, mas continua em alta no mercado de luxo como símbolo de status e poder.
“Se aos cinquenta anos de idade você não tem um Rolex, é por que não deu certo na vida”. A polêmica frase do publicitário francês Jacques Séguéla pode até descrever bem o status que um relógio da marca suíça possui, mas em tempos de Apple Watch, os Rolex são reservados para quem realmente tem gosto pela arte da relojoaria. E são justamente essas pessoas que movimentam, todos os anos, o Salão Internacional de Alta Relojoaria de Genebra, na Suíça.
Novo nome
Em 2020, a mostra completa 30 anos e, assim como o modo de ver as horas, se reinventa. Conhecido desde 1991 como SIHH (Salon International de la Haute Horlogerie), neste novo ano a sigla se aposenta e dá espaço a uma nomenclatura mais moderna: Watches & Wonders, em tradução livre seria algo como Relógios e Maravilhas. Na divulgação oficial, a organização diz “Novas datas, novo nome, nova fórmula, novo público. Em sua 30ª edição, o SIHH está fazendo sua revolução sob o nome de Watches & Wonders Geneva”. Imperdível para profissionais e público, este evento confirma Genebra como o epicentro da excelência relojoeira.
As novas datas, 25 a 29 de abril de 2020, são para alinhar a mostra com a maior feira de relojoaria do mundo, a Baselworld, que também acontece na Suíça, na cidade de Basel. Fabienne Lupo, presidente da Fondation de la Haute Horlogerie, que organiza a Watches & Wonders, confirma que o alinhamento das datas está previsto até 2024. “Nossos dois eventos sempre foram diferentes, mas complementares. Sincronizar com a Baselworld irá confirmar que a Suíça é o melhor destino relojoeiro do mundo. E isso é algo que nós desejamos muito, pois é do interesse de todos”, disse. A Baselworld começa dia 30 de abril e vai até 5 de maio de 2020, o que significa que fornecedores, interessados e imprensa poderão concentrar suas viagens até o país apenas uma vez, facilitando a rotina de muita gente.
Muito além dos chocolates
É muito fácil afirmar que a Suíça é um país que sabe produzir coisas incríveis. Seus chocolates são famosos no mundo todo, mas os relógios também têm seu ponto de destaque na economia suíça. A relojoaria responde a cerca de 1,5% do produto interno bruto (PIB) do país. Ela é a terceira indústria de exportação de lá, perdendo apenas para o setor farmacêutico e de produção de máquinas e ferramentas.
A última SIHH
Em 2019, a feira contou com quatro dias ininterruptos de descobertas, surpresas e encontros. Houve painéis de discussões, apresentações de marcas e palestras com personalidades do ramo, além de algumas surpresas como aparições de muitos dos embaixadores das marcas expositoras (incluindo atores, atletas, escritores e influenciadores).
Em Genebra – e no mundo!
Em sua 29ª edição, o SIHH atraiu novos públicos, não apenas em Genebra, mas ao redor do mundo, graças à uma poderosa estratégia de comunicação digital: as trinta apresentações no Auditório foram transmitidas ao vivo. Também havia espaços dedicados para compartilhar fotos no Instagram, Facebook, e outras mídias sociais.
Essa novidade digital superou as expectativas: a hashtag #SIHH2019 apareceu em nada menos que 380 mil posts online, atingindo quase 260 milhões de pessoas. Um influenciador chinês atingiu até 1,2 milhão de pessoas após a transmissão ao vivo. Houve um engajamento muito mais forte este ano com a China e com os millennials.
Um indicador para tendências
Como era de costume, o salão de 2019 aconteceu em janeiro, e serviu de ponto de partida para as tendências que mais apareceram nos pulsos neste ano. Muitos relógios excepcionais estavam em exibição, com atenção especial para os que possuíam calendários permanentes. Verdadeiros itens de colecionador, eles podiam ser vistos tanto nas históricas Maisons quanto dentro do Carré des Horlogers, um espaço reservado para relojoeiros independentes.
As cores são partes superimportantes do design do relógio, e azul e verde foram os destaques. É possível que o azul continue a se destacar em 2020, tendo sido a cor escolhida pela Pantone para o ano. As fases da lua e os mostradores “métiers d’art” também vêm à tona. Destacaram-se também as pulseiras feitas em carbono ou titânio reciclado, principalmente em relógios esportivos.
Recorde de público
Em 2019, a feira bateu recordes: 23 mil visitantes únicos (um aumento de 15% em relação a 2018) em todas as categorias, mesmo com um cronograma de quatro dias em vez dos cinco habituais. Pela primeira vez, a SIHH recebeu mais VIPs e clientes finais do que participantes do comércio. Esta 29ª edição representou um marco importante na construção do SIHH de amanhã: a Watches & Wonders será uma experiência imersiva a ser vivida e compartilhada.
Três dos maiores destaques da edição 2019 da Feira de Alta Relojoaria de Genebra:
Parmigiani Fleurier Tonda Métropolitaine Sélène
US$47.000
Com 33mm, este relógio é adornado com 76 diamantes, e tem todo o charme da lua que surge e desaparece atrás de uma nuvem no céu estrelado.
Vacheron Constantin Twin Beat Perpetual Calendar
US$200.000
Quando usado, este relógio funciona em uma alta frequência que se alinha aos estilos de vida agitados e modernos. Já quando não está sendo usado, seu calibre 3610 QP, desenvolvido pela própria Maison, pode ser desacelerado a fim de manter suas capacidades de marcação do tempo com uma reserva de marcha estendida de no mínimo 65 dias.
Cartier Dual Time Zone Skeleton XL
US$78.000
A Cartier tem reinterpretado algumas das formas icónicas de relógios criados pela marca. No SIHH 2019, a marca apresentou uma coleção cápsula do relógio “Tonneau”, que foi um dos primeiros modelos de relógios de pulso criados pela Cartier em 1906. Tonneau, que significa “barril”, é o nome e a forma do relógio.
0 comentários