Você é cringe? Provocação pode indicar que a sua juventude chegou ao fim

por | 24 ago, 2021 | 0 Comentários

CONHEÇA A HISTÓRIA DAS ÚLTIMAS OITO GERAÇÕES E O QUE CADA UMA DELAS TROUXE EM TERMOS DE MUDANÇAS HISTÓRICAS, AVANÇOS E RETROCESSOS EM NOSSO MODO DE VIDA

os últimos tempos, uma discussão tomou conta da internet, através das redes sociais, e se espalhou pelo mundo afora, trazendo à tona um agora famigerado termo em inglês: cringe. Traduzindo para o português, a palavra significa “vergonhoso” ou “brega”. Para quem ainda não entendeu nada do que está acontecendo, é bem simples. Uma nova geração tomou o lugar da antiga no quesito juventude. Esta geração é a “Z”, que abarca pessoas nascidas entre a segunda metade dos anos 1990 e o início dos anos 2010. A antiga geração é a “Y”, também conhecida como “Millennial”, cujos membros nasceram entre o início da década de 1980 e a metade dos anos 1990. O desentendimento que agora se apresenta se refere aos hábitos da antiga geração mais jovem, analisados pela atual. A grande pegada é que muitas das coisas que o pessoal da Geração Y acha que é “super descolado”, no que se refere a hábitos pessoais, modo de falar, roupas e artes, é visto pela galera da Geração Z como “ultrapassado” e “fora de moda”.
A provocação poderia ter parado por aí, se os millennials não tivessem reagido a ela, evidenciando um grande conflito geracional, que não é novo e que a cada espaço de duas a três décadas acaba por acontecer. Só que este é o primeiro embate geracional a ter lugar em tempos de internet e a Geração Y é a primeira a ser enfrentada naquilo que de melhor a consagrou. Eles foram os dominadores das redes sociais e agora veem uma nova geração tomar o seu espaço, questionando-a sobre seus gostos e desejos. Além disso, é preciso ressaltar que não são só essas duas gerações que estão presentes no mundo virtual, mas também todas as outras que ainda contam com indivíduos vivos, como no caso da “X” e da “Baby Boomer”. Ainda que haja pessoas vivas de gerações anteriores a estas, elas perfazem um número muito mais incipiente de usuários da rede. De qualquer modo, o caldeirão entornou e gerou um grande embate entre pessoas de diversas faixas etárias sobre o que é ou não descolado fazer ou não fazer. No entanto, que a Geração Z não se acostume, pois a juventude passa e a Geração Alfa, cujos membros nasceram a partir do início da década de 2010, estão chegando e ainda que haja alguns anos pela frente, o tempo é implacável e não perdoa ninguém. Amanhã, os que acusam os outros de “cringe”, serão os mesmos a serem acusados disso também. Talvez, esta seja, definitivamente, a única coisa realmente certa em toda essa discussão. E para provar que isto é um fato, abaixo segue um pequeno retrato de cada uma das gerações surgidas do início da década de 1880 para cá. Quaisquer identificações com um determinado período dos apontados, não será mera coincidência.

Geração Perdida (nascidosentre 1880 e 1900)
Tradicionalmente, o termo “Geração Perdida” é atribuído à escritora e poetisa norte-americana Gertrude Stein, em referência aos artistas auto-exilados em Paris, na França, e que bebiam e farreavam demais, mas que também pensavam e refletiam, exaustivamente, sobre a política e a cultura de sua época. O termo foi popularizado pelo escritor norte-americano Ernest Hemingway em seus livros “O Sol Também se Levanta” e “Paris é Uma Festa”. Os membros desta geração, em grande medida, lutaram na Primeira Guerra Mundial e viveram o grande período de efervescência trazido pelos “Loucos Anos Vinte”, época de grande dinamismo social, artístico e cultural, encerrada pela Grande Depressão de 1929. Individualismo e quebra de regras foram algo comum para as pessoas desta geração.

Geração Grandiosa (nascidos entre 1900 e 1925)
Cunhada pelo jornalista e escritor norte-americano Tom Brokaw, a expressão “Geração Grandiosa” se refere àquela formada por pessoas que cresceram durante a Grande Depressão e, posteriormente, lutaram na Segunda Guerra Mundial. Acabaram por viver a sua vida adulta e velhice durante os chamados “Trinta Anos Gloriosos”, entre 1945 e 1975, período conhecido pelo pleno emprego na grande maioria dos países ocidentais e caracterizado por forte crescimento da produção industrial.

Geração Silenciosa (nascidos entre 1925 e 1945)
É a geração de pessoas nascidas durante a Grande Depressão e a Segunda Guerra Mundial. Presenciaram a Guerra da Coreia (1950-1953), o nascimento do rock and roll, nos anos 1950, e o movimento pelos direitos civis nos Estados Unidos, nos anos 1960. O termo se aplica pelo fato de os indivíduos pertencentes a ela terem se caracterizado como uma “maioria silenciosa”, se manifestando muito menos, se comparados com os membros das gerações anteriores e posteriores a ela, em relação à ocorrência de diversos eventos do período, evitando a tomada de posições e a exigência de direitos de maneira aberta.

Baby Boomers (nascidos entre1945 e 1965)
É a geração que compreende pessoas nascidas a partir do final da Segunda Guerra Mundial e que acabou por presenciar a Guerra do Vietnã, tendo a televisão como principal meio de comunicação existente. Além disso, viveram em meio a Guerra Fria e acompanharam a ascensão do movimento hippie. O termo ocorre por conta da explosão de natalidade ocorrida, em especial no mundo ocidental, com o retorno dos soldados aliados aos seus países de origem após a derrota dos países do Eixo na Europa e no Pacífico.

Geração X (nascidos entre 1965 e 1980)
Geração posterior ao baby boom, a Geração X é composta de pessoas que viram o fim da Guerra Fria, a ascensão do neoliberalismo econômico, o surgimento da AIDS e a popularização da informática e dos computadores domésticos, bem como, os atentados de 11 de Setembro de 2001 e as posteriores invasões dos Estados Unidos e aliados ao Afeganistão e ao Iraque. Embora o termo tivesse sido aplicado anteriormente, pelo fotógrafo húngaro Robert Capa e pela jornalista britânica Jane Deverson, aos baby boomers, ele só foi utilizado para a geração que viveu a sua juventude entre o início dos anos 1980 e a metade dos anos 2000, após a publicação do romance Geração X: Contos para Uma Cultura Acelerada, de 1991, do escritor canadense Douglas Coupland, sobre os jovens do final dos anos 1980 e seu estilo de vida.

Geração Y/Millennials (nascidos entre 1980 e 1995)
A Geração Y, também conhecida como Millennials ou Geração do Milênio, desenvolveu-se, em especial, no pós-Guerra Fria, em uma época de grandes avanços tecnológicos, com relativa prosperidade econômica e facilidade material, em um ambiente altamente urbanizado. Além disso, foi a geração que acompanhou de maneira mais próxima a ascensão da internet e das redes sociais e um aumento exponencial no fluxo de informação disponível. Por necessidade ambiental ou retorno financeiro, foi também a geração que viu o ciclo econômico da reciclagem ser desenvolvido e ampliado. Em contrapartida, foi a primeira a presenciar tão exagerado descarte e atualização de produtos, em especial, eletrodomésticos. Verdadeiramente globalizada, seus indivíduos são considerados individualistas e competitivos, tendo atrasado a transição entre a infância e a idade adulta, a fim de não cometer aquilo que eles consideram erros de seus pais, em relação à família e ao trabalho, por exemplo, procurando tomar decisões mais acertadas.

Geração Z (nascidos entre 1995 e 2010)
É a geração que já encontrou a internet amadurecida, em pleno uso, e por isso mesmo, seus membros são altamente familiarizados com o compartilhamento de arquivos, telefones celulares e afins. É uma geração, em geral, insatisfeita e insegura em relação à sociedade e ao futuro da economia e da política, em especial, por ter nascido ou vivido a sua primeira infância sob a égide da chamada Grande Recessão, que abarca as crises financeiras de 2001 e 2008. Assim como no caso da Geração Y, acompanha uma diferença de renda cada vez maior em todo o mundo, com o encolhimento da classe média e o aumento dos níveis de estresse e ansiedade nas famílias. O desemprego e a precarização do mercado de trabalho fizeram com que a geração Z acompanhasse o surgimento de movimentos políticos e sociais anti-establishment e um aprofundamento da polarização ideológica na sociedade. Apesar do ambiente hostil, é considerada uma geração mais tolerante em relação a diversos temas, tais como, a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo e a igualdade de gênero.

Geração Alfa (nascidos a partir de 2010)
A primeira geração a ter nascido totalmente no século 21 teve o seu nome retirado de uma pesquisa, realizada em 2008, pela agência de consultoria australiana McCrindle Research, onde a maior parte das pessoas consultadas sugeriu o nome “A”, ao que Mark McCrindle, seu fundador, resolveu transportar para a língua grega, dizendo não retornar ao “A” latino, por serem os indivíduos desta nova geração, o começo de algo novo e não o retorno para o que havia antes, e também se baseando na nomenclatura dada aos furacões durante a temporada anual destes no Atlântico Norte, onde após o fim das letras latinas, têm início as gregas. Em geral, são filhos dos membros da Geração Y e têm, no máximo, por volta de dez anos de idade na atualidade. A pandemia de Covid-19 é o primeiro evento de caráter histórico-social de grandes proporções em nível mundial ao qual atravessam.

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