Você tem FoMo de quê?

por | 19 ago, 2020 | 1 Comentário

Saiba como lidar com o ‘medo de ficar de fora’, considerado síndrome e impulsionados pelo boom das redes sociais.

É bem provável que você enfrenta ou já tenha passado pela seguinte situação: estava em casa durante o fim de semana e começou a deslizar o dedo pelo feed de uma rede social. Abriu postagens de seus amigos e viu que estavam se divertindo em uma festa. Imediatamente, bateu aquela tristeza e ansiedade porque não estava no mesmo lugar e vibe que eles. Até se perguntou: e agora que não estou me divertindo também?

Sim, a palavra do título está certa! É FoMo mesmo e significa Fear of Missing Out – medo de perder algo ou medo de ficar de fora, se traduzido para o português. A síndrome explica o porquê você ficou mal quando presenciou a cena e está cada vez mais presente numa época de boom das redes sociais. É que as pessoas sentem a necessidade de “abraçar o mundo” para que tenham uma vida igual a de quem está do outro lado da tela e para que sejam aceitas pela sociedade.

Há maneiras de lidar com a situação e, se não observada, pode se tornar algo muito mais grave com o passar do tempo. Mas o problema também é positivo em alguns aspectos, se controlado. Nesta reportagem, a Trinova mostra as principais causas e maneira de amenizar os sintomas da síndrome.

Quem descobriu e nomeou o fenômeno foi o estrategista de marketing norte-americano Dan Herman, ainda em 1996, durante um estudo num grupo de pessoas de uma empresa cliente. Na época, o foco não era nas redes sociais, até porque elas não existiam nos moldes de agora.

Herman publicou um artigo em 2000, no The Journal of Brand Management, e mantém um site, em inglês, só com informações sobre FoMo. Ele também é um estudioso do comportamento do consumidor e tem uma empresa de consultoria. Depois disso, diversos estudos foram publicados por outros profissionais de diferentes áreas.

Ao menos 70% dos adultos de países desenvolvidos e subdesenvolvidos experimentaram algum grau da FoMo

Outro exemplo da FoMo é se deparar com aquele prato de comida delicioso, com um quarto bonito ou com uma viagem sensacional. De novo, a angústia, a inveja (nem sempre maldosa), a infelicidade e o desânimo por estar perdendo algo ou por estar distante daquela realidade. Em alguns casos, esse misto de sentimentos evolui para a depressão.

Uma pesquisa realizada pelo sistema Hoopsuite com a We Are Social aponta que o Brasil é o segundo país do mundo em que as pessoas ficam mais tempo conectadas à internet em 2019. Em relação a 2020, o levantamento Global Digital Overview revela que cada pessoa passa, em média, três horas e meia nas redes sociais por dia.

SÍNDROME CADA VEZ MAIS ATUAL

De forma mais simples, a FoMo é definida como a concentração de atenções a parte vazia do corpo e da mente. Ou seja, ignoramos nossas conquistas ao encher de pensamentos ruins o “vazio” causado por realizações ainda não alcançadas. E está enganado quem pensa que o feed das redes sociais é o principal causador disso. O ambiente profissional e até o familiar são propícios para o desenvolvimento dos efeitos colaterais da síndrome.

Herman ilustra a FoMo com o exemplo uma criança quando vai a uma loja e pede desesperadamente por um doce ou um brinquedo que ainda não tem. Ela está ignorando o que já tem e concentrando as forças na frustração pela falta de outros objetos.

Segundo os estudos do especialista, ao menos 70% dos adultos de países desenvolvidos e subdesenvolvidos experimentaram algum grau da FoMo, e tudo que é novo impulsiona os sintomas das crises. É que ao mesmo tempo em que as pessoas enxergam cada vez mais oportunidades, se sentem “de fora” porque não estão inseridas a elas, enquanto outras, que consideram referência, estão.

E aí o medo surge com a pergunta “do que sentirei falta porque não tenho tempo ou dinheiro necessários ou por que tenho outra barreira?”. Muitas vezes, as pessoas também sofrem porque até consideram muito uma oportunidade, mas não têm certeza se vão conseguir alcançá-la.
“O aumento das mídias sociais e o desenvolvimento da tecnologia de dispositivos móveis aumentaram exponencialmente nossa consciência imediata sobre a infinidade de opções”, explica Herman, em seu site.

COMO LIDAR COM A FOMO?

Se de um lado a FoMo traz sintomas negativos, do outro é um pontapé para o amadurecimento de atitudes. De acordo com os estudos de Herman, a síndrome pode fazer com que tenhamos mais interesses, emoções e prazeres, além de nos motivar a lutar pelas conquistas e atividades que causam sentimento de satisfação, poder e valor.

Os estudos do especialista em comportamento do consumidor mostram que cerca de 30% das pessoas com FoMo conseguem controlar o problema sozinhas. Já 25% até controlam bem os efeitos colaterais, mas ainda são infelizes. Mas 15% das pessoas não conseguem lidar com o problema, que chega a atrapalhar atividades da vida, porque ocupam o tempo consumindo conteúdos e vivendo a vida daquela celebridade do outro lado da tela, por exemplo.

A autoestima também pode se fortalecer se os sintomas forem bem controlados: passamos a ter cuidados que nos tornam mais interessantes e atraentes. Pelo contrário, não controlar a síndrome faz com que a busca desenfreada por tantas oportunidades acarrete em não conseguirmos abraçar nenhuma.

E algumas atitudes simples ajudam a reduzir os impactos negativos causados pela FoMo. São elas:

  1. Lembre-se sempre de que as coisas que você vê na internet muitas vezes não condizem com a realidade daquela pessoa. Independentemente da foto ou vídeo, todos enfrentam diversas crises durante a vida;
  2. Diminua o tempo em que fica nas redes sociais e faça atividades que façam você relaxar. Pode ser realizar uma atividade física, ler um livro, preparar uma receita na cozinha ou escutar música, por exemplo;
  3. Sempre lembre das coisas que já conquistou e tente transformar o desejo por algo que não tem em formas de conquistar aquilo de maneira saudável;
  4. Se não conseguir lidar sozinho com os sentimentos ruins, procure ajuda de um psicólogo.

 

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Comentários

1 Comentário
  1. Tania Mara Chimello Carvalho

    Parabéns, vcs são sempre mto antenadas , inteligentes , a revista está incrível , assuntos interessantes e esclarecedores ! 👏👏👏

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